domingo, 23 de dezembro de 2012






Entre cliques e links: reflexões para as diversidades

Inicio esse breve texto com a reflexão de Moita Lopes (2003) que afirma: “[...] as instituições e as coletividades operam na legitimação institucional, cultural, e histórica de certas identidades sociais, enquanto outras são tornadas ilegítimas, destruídas, encarceradas, desempregadas e patologizadas”. Não por acaso, essa citação circunscreve a compreensão que tenho sobre a maneira implícita atualmente das redes sociais e da televisão brasileira que favorecem a exclusão daquele(a) que não é o modelo reconhecido na e pela sociedade. Compreendo dessa maneira que as redes sociais e a televisão ‘patologizam ‘ o diferente. 
Ultimamente, após algumas práticas sociais existentes numa rede social que tem tornado ou tentado tornar a vida dos ‘internautas’ como verdadeira, pude perceber uma exacerbada “espetacularização” de alguns usuários no que se refere ao “aparecer”, à visibilidade e popularidade a todo custo. Guy Debord chamaria isso de “espetacularização do eu”, ou a “sociedade do espetáculo”. Isso chamou-me a atenção, pois, se não bastasse as ‘chuvas imagéticas’ compartilhadas nesses espaços virtuais para escandalizar a vida humana ,há também um amontoado de imagens  que vão desde o aborto de fetos (crianças dentro de privadas, em córregos e/ou formóis), a pessoas portadoras de neoplasias expostas e  turistas  que  almejam ( ou não) serem vistos em público praticando sexo em noite sertaneja etc.  
Percebem-se também nessa fábrica de sonhos e misérias (as tais redes sociais e a televisão), algumas modalidades aceitas e até “curtidas” pelos internautas e telespectadores que vão desde os deboches e piadas (gratuitamente perversas), a subalternização do outro ou daquele que não é o outro-modelo. Assim, por causa de determinados “atravessamentos identitários” não aceitos pela sociedade, vê-se uma quantidade de pessoas serem violentadas por causa de suas condições. Condições essas, econômicas, afetivo-sexuais, gênero, étnica, etc. E o que mais horroriza, é perceber uma violência perversa e simbólica se instaurar na sociedade de forma naturalizada, ou seja, naturalizaram-se as práticas discriminatórias nas redes sociais e na televisão. Muitos acham engraçado, reproduzem e curtem as tais práticas. Nesse sentido, compreendo que o sujeito social está reificado (por isso não é sujeito, é objeto), coisificado, uma vez que não reflete ou transforma o lugar que está inserido, apenas torna-se automatizado e repetidor de enunciados que na maioria das vezes são pobres de crítica e vinculados ao senso comum. Isto é, nesse emaranhado discursivo, é comum a aceitação e a desvalorização que transforma o outro em invisível, inferior e subalterno em relação à norma instituída, pois, piadas são contadas e aplaudidas tanto nas redes sociais, quanto nas relações sociais. Aceita a piada do pobre, do negro, do gay, da mulher loura, porque isso é engraçado. Reconhece o indivíduo popular na ‘rede’ quando este violenta a condição do outro em ser diferente. Programas televisivos ganham audiências quando insere o ‘gay personagem’ nos seus esquetes, por exemplo.
Ao se pensar em “atravessamentos identitários”, compreende-se que estes circulam ou se imbricam na (re)constituição das identidades ( não hegemônicas). Dessa maneira, podem ser postos e construídos de maneira subalternizados. Nesse sentido, ao se colocar algumas identidades inferiorizadas em relação aos modelos impostos socialmente, excluem-se outros que não terão as mesmas prerrogativas, uma vez que não são e não serão modelos dentro dessa lógica que privilegia somente os “normais”. E aqui nesse texto, tomo como empréstimo a compreensão do “normal e anormal” proposta por Foucault (vide Os Anormais: curso no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 2001).
Sendo assim, o gordo, o negro, o gay, o pobre, etc. podem ser “anormais” na medida em que não se assimilam à norma legitimada. Podem ser “anormais” porque são estranhos aos padrões, aos discursos institucionalizados. Ou melhor, nessa lógica (daquele fora da norma), o gordo, o negro, o pobre constitui as ‘identidades do espetáculo’ que todos devem divertir-se, achincalhar e criar piadas ‘criativas’. Espetáculos a qualquer preço, não importa como, se através da dor do outro, da condição do outro, do menosprezo do outro. Por isso, clamo às escolas, que promovam debates com pesquisadores/especialistas sobre o tema do bullying, mas não de forma fragmentada e engessada como propõem os almanaques de autoajuda (infelizmente tão comum na prática pedagógica hodierna). Não deixemos que a temática da discriminação seja lembrada somente nas semanas pedagógicas, pois, as práticas discriminatórias estão no cotidiano da escola, da vida , seja nos discursos, seja nas inofensivas brincadeiras que estão sendo aceitas socialmente. Assim, as brincadeiras tornam-se verdadeiros shows, onde a disputa do mais criativo é travada na arena discursiva.
Severino (2008) ilustra bem esse texto quando penso no Brasil e a sua história, pois, o pesquisador confirma que a experiência “histórica da sociedade brasileira é marcada pela realidade brutal da violência, do autoritarismo, da dominação, da injustiça, da discriminação, da exclusão”. Basta observar como alguns veículos de comunicação constroem essas identidades ‘desviantes’. Geralmente de forma caricaturesca (veja programas de humor com baixa crítica), o gay, o gordo, o negro, a mulher loura são sempre os estereotipados. São às vezes engraçados, aculturados e inferiores em relação aos demais ‘normais’ da sociedade. Assim, o que se compreende é que os veículos de baixa crítica têm uma brilhante capacidade de distorcer a realidade porque favorece uma pedagogia que educa e constrói sentidos. Sentidos esses perigosos, pois, inferioriza, exclui e materializa estereótipos, sem possibilitar aos telespectadores uma avaliação crítica da realidade, posto que ao se estereotipar as identidades, ‘verdades’ são construídas e reiteradas no meio social.
Desta forma, em um país que poucos têm acesso aos bens culturais formais, nada mais ‘natural’ que a televisão seja a primeira babá de nossas crianças. Isso vai refletir na forma de lidar até com as ferramentas tecnológicas no presente e no futuro, porque ao ver um negro, um gay, um gordo, ou quaisquer identidades no âmbito social, será possível que os significados construídos (da exclusão e do riso gratuito) deem-se da maneira como esse indivíduo se relaciona com o mundo. Ensinou a criança a rir, zombar e construir sentidos sobre o diferente sem uma visão política, crítica e cidadã da realidade, então, isso será comum e aceito por ela. Zombar, rir, discriminar será uma prática social aceita e até ‘inofensiva’ na família, na escola, na igreja, nos órgãos públicos, nas redes sociais, enfim, nas instituições.  
O que defendo nessa breve escrita é pensar nessa vida que já está tão sentido, diante de tudo que o mundo contemporâneo apresenta através dessa complexidade: fragmentação do outro e de nós, coisificação/reificação das relações que se materializam em afetos cada vez mais “líquidos”. Violência e exclusão que se constroem no consumismo exacerbado de corpos, de pessoas, de tudo. Consumir é a palavra de ordem que impera nessa sociedade ‘pós-moderna’. Zigmunt Bauman, um sociólogo polonês, afirma que não podemos mais retornar ao ‘mundo sólido’, ao mundo em que não há liquidez, mas, podemos pensar em um mundo onde pessoas vivam melhores com todo esse ‘mundo descontrolado’. E o primeiro passo, talvez, (posso ser simplista aqui por não fazer uma análise sociológica do fenômeno, pois, não é objetivo desse texto) seja o reconhecimento dessas diversidades, seja respeitar o direito do outro em ser diferente. Permitir o direito do outro não ser padronizado (por uma lógica cada vez mais seriada) ou ainda que seja padronizado, oportunizar o direito do outro de acessar o conhecimento e de despradronizar-se. Ou melhor, promover a alteridade no convívio social.
Diante de tantas notícias sensacionalistas veiculadas pelas mídias, proponho que os usuários das redes sociais reflitam para que não alimentem o barbarismo, a discriminação, a exclusão, a banalidade. Com a barbárie sendo valorizada, a tendência é somente tornarmo-nos reféns do medo, da insegurança que convergem com a violência, cada vez banal, pois, tornou-se natural nas redes sociais, no cotidiano e na vida: a violência. Nesse sentido, percebe-se nessas redes sociais uma crescente aceitação dessas práticas violentas do ser humano de excluir o diferente. Tornam-se banalizadas quaisquer relações que se fazem nos ‘faces’ ou nas ‘faces’ da vida. A quantidade de ‘amigos’ que se têm demonstra o lugar social que você merece ter e se apropriar. Sendo assim, quanto mais ‘amigos’ tiver na rede, “melhor será a minha e a sua popularidade”. Quanto mais postagens houver na página pessoal, é sinal de popularidade e o espetáculo será grandioso. Afinal, “vale tudo nessa nova ferramenta virtual para (a)parecer, famoso e popular”. Aceitam-se até comentários preconceituosos, porque, isso indica autoria e criatividade. Nessa luta de gladiadores, diariamente tem-se a obrigação de vencer o ‘adversário’, diminuindo-o através das piadas, dos risos e da inferiorização.
Deste modo, é preciso que haja nessas redes sociais (e na televisão) um espaço de (des)contrução de saberes e práticas, para que  aconteça uma democratização da cultura e do conhecimento ( tão em falta nesses contextos) . Que seja extinta qualquer forma de opressão e discriminação, seja ela, identitária, afetivo-sexual, de raça, gênero, classe, etc. As pessoas deveriam perceber que hierarquizar todas essas características (sejam através das brincadeiras, das imagens e de outras linguagens) é conceber que exista uma identidade, uma raça, um gênero, uma classe superior à outra. A proposta é tão simbólica em discutir o preconceito na televisão brasileira, por exemplo, que até a novela remete ao negro sensual (por isso carnal, pecaminoso) e objeto de desejo dos senhores dos escravos (veja o remake da tarde). O gay também é ‘fabricado’ na televisão como um ser assexuado, elitizado e branco, quando não, fofoqueiro, engraçado, amigo de toda mulher e afetivo à moda. Ou seja, com a boa intenção (que o inferno está cheio), reforçam-se estereótipos e reitera-os, favorecendo uma sociedade marcada por ‘ditos e escritos’ das identidades não condizentes com a realidade.
Portanto, é inadmissível em um mundo contemporâneo que haja exclusão por causa da diferença e constituição subjetiva do outro. Novas formas de ser e estar no mundo devem ser (re)pensadas e (re)aprendidas nesse novo mundo. Busquemos desnaturalizar as práticas discriminatórias que se inicia nesses espaços sociais, não compartilhando links ou imagens promotoras de um riso gratuito, perverso e violento. O preconceito e a segregação andam de mãos dadas com a ignorância. Mas o preconceito pode ser combatido quando a sociedade tiver espaços democráticos de reflexão, porque o preconceito é uma característica cultural e pode ser desaprendido, desconstruído. Como bem asseverou Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar". Por conseguinte, a reflexão transpõe os bancos escolares, a família, a igreja, as instituições. Vai, além disso. Reflexão é colocar os questionamentos em circulação, desnaturalizando as práticas sociais ‘inofensivas’, as linguagens e os discursos sexistas, misóginos e homofóbicos que se tornam excludentes e muito aceitos socialmente. Assim, espero que a vida seja um espetáculo de respeito e reconhecimento das diversidades! Assim, espero que as diversidades sejam respeitadas e reconhecidas no espetáculo da vida!

                                                                     by Aldo Fernandes!


domingo, 2 de dezembro de 2012




Sensações Líquidas...Híbridas...Cíclicas...

Por que sinto isso? Tanta falta de algo que me parece estar em algum lugar. Falta de algo que vivi e por motivos que a vida me forçou, deixei para trás. Quero buscar as personas que ficaram em tempos de outrora e que estão escondidas em recônditos abissais. Quero buscar esse homem e essa mulher que eram destemidos em relação ao amor. Tenho medo do amor. O amor nunca quis segurar em minhas mãos. Brigávamos quando erámos crianças. Passei uma rasteira nele e ele não me perdoou. Quero fazer as pazes com ele. Tenho saudades de antigamente, saudades de tempos de ainda não vividos. Sinto como se estivesse enclausurado, num escafandro de dor e solidão. Convivo no meio da multidão, mas estou sempre sozinho. Não acho nada de interessante nas coisas rebuscadas que me são impostas por essa lógica dita por alguns de “pós-moderna”. Quero viver na simplicidade dos gestos, das falas, dos olhares, das escutas, das atitudes, dos momentos, meramente simples. Quero viver num mundo em que as pessoas sejam criativas, originais e não muito superficiais. Quero poder olhar para as pessoas e não dissimular o que sinto, quero poder dizer o quanto sou alguém que anseia ser feliz. Quero poder dizer ao mundo que tenho algo que possa valer a pena, tenho algo para somar a vida das pessoas. Tenho amor, dor, calor, frescor e sabor pela Vida. Quero pessoas concretas, ‘reais’. Quero pessoas menos perfeitas. Quero pessoas menos formais. Quero pessoas menos ‘perfeitas’. Quero pessoas... O mundo me parece muito em movimento. Movimentos líquidos, híbridos, fluidos. Vejo as relações em movimentos. Por isso vejo as pessoas em movimentos cíclicos. Vejo e sinto os amores em movimentos. Por isso vejo e sinto os amores em movimentos cíclicos.  Vejo e sinto as dores em movimentos. Por isso vejo e sinto as dores em movimentos cíclicos. Sinto as emoções em movimentos. Por isso sinto as emoções em movimentos cíclicos. Tudo é movimento. Tudo são movimentos cíclicos. Quero viver em outros momentos. Por isso quero viver momentos menos cíclicos. Os momentos que tenho por agora não são interessantes. Os movimentos que tenho agora são asfixiantes. Por isso a asfixia torna as relações sufocantes. Por isso a asfixia torna o meu ser asfixiado. Ninguém parece querer olhar para o outro. Talvez para não se notar reconhecido no outro. Parece que poucos têm o olhar contemplativo da vida e das vivências, das experiências. Parece que as sensações, as emoções, os amores, os sentidos estão se AUTOMATIZANDO... Tormentosas dores, amigáveis sensações, vocês estão muito próximas de mim e por isso me fazem pensar e ver que nesse mundo em total desordem, não sou o forasteiro, sou talvez um sonhador, um estrangeiro. Estrangeiro porque vivo fora de um corpo que é forçado a ser o que o outro deseja que seja. Sou um novo homem. Sou uma nova mulher. Uma nova carne. Uma nova alma. Estou comido, carcomido e deteriorado pelo tempo. As marcas em meu rosto denotam a fragilidade que me pus no mundo e para o mundo. As marcas em mim refletem o que o senhor Tempo fez comigo. Refletem marcas tangíveis que não ouso esconder. Minha constituição me faz assim. Minha estória me (des)materializa assim... Dor, minha grande amiga dor. Através de você percebo o quanto sou pequeno e frágil. Pequeno porque tenho pessoas que se acham grandes demais. Frágil porque vejo pessoas que se acham fortes demais. Quero poder dizer e escrever as coisas sem muita coerência. Quero poder dizer o que penso e sinto sem muita coerência. Quero poder gritar e dizer sem muita coerência que, por tudo que vivencio, sinto,(des)aprendo, estou em constante (trans)formação porque sou e estou  Movimento.
by Aldo Fernandes!

terça-feira, 27 de novembro de 2012




Onde estará você?


Onde estará você?
Que um dia em sonho prometeu.
Onde estará você?
Que um dia reencontraria a mim.
Onde estará você?
Que acolhe as minhas angústias nas noites gélidas.
Onde estará você?
Que me afaga quando a vida me deixa descoberto.
Onde estará você?
Que me acolhe em seu regaço.
Onde estará você?
Anjo viajor do tempo e do espaço.
Onde estará o meu amor?
Ouça o meu grito.
Venha me beijar.

Abafe a dor que dilacera a minh’alma.  
by Aldo Fernandes!









Alma abafada
Sinto um abafar na alma.
A alma quer gritar.
Gritar ao mundo a sua existência.
Não pode gritar.
É abafada pelas normas e convenções.
Não vive. Não ama. Não chora. Não sente.
Tristeza. Angústia. Medo. Dor.
Tristeza na multidão.
Angustia na solidão.
Medo no coração.
Dor não tem solução.
                           by Amun!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Memórias digitais...





Nasci...

Cresci.
Amadureci.
Cansei de crescer, amadurecer...
Estou entediado das maneiras de ser o mesmo.

Não quero ser o mesmo no próximo segundo.
Cansei de ser igual.
Cansei de ser o diferente.
Cansei de mim.
Cansei dos outros. 
Quero ser outros. 
Quero ser ou não ser outros...
Quero poder escolher.

Escolher ser ou não ser outros.
Escolher ser ou não ser eu.
Tenho a grande urgência em gostar do novo e do velho.
O novo me vitaliza.
O velho me fortalece.
Sou saudosista. 
Sou intimista.
Sou do passado.
Estou no presente.
Presente digital.
Caminho para o futuro...
Sou ou não sou...

Estou?
Quero escolher.

Máquinas não escolhem.
AUTOMATIZAM...
Tenho fome. 
Fome de pessoas.
Tenho sede. 
Sede de pessoas.
Realmente tenho fome de pessoas.
Realmente tenho sede de pessoas.
Máquinas não sentem fome.
Máquinas não sentem sede.
Máquinas não veem.
Não vejo pessoas.
Vejo máquinas. 
Vejo seres CIBERNÉTICOS.

Acessados, Conectados, Energizados, Plugados, Linkados...
Desconectados. Automatizados.
Sinto fome.
Sinto sede.
Estou insaciável...
A última vez que comi pessoas foi há tempos de outrora.

Comia a vida. 
A última vez que bebi pessoas foi há tempos de outrora.
Bebia a experiência.
Embebia do licor que corria nas veias existenciais dos outros.

Embriagava de sentimentos...
Em extinção esses sentimentos...

Agora não sinto.  
Não como. 
Não bebo.

Sou assim...
Estou assim...
Morto de fome. 
Morto de sede.
Morto de fome das pessoas que me encantavam a vida.
Morto de sede das pessoas que me nutriam no cotidiano da existência.

Morrerei de inanição. 
Sinto isso.
A morte se aproxima de mim...
Não trairei o que acredito.
Creio que nutri do que precisava para morrer...

Creio que comi do que precisava para viver...
Comi pessoas...
Bebi experiências...
Aprendi.

A morte chegou...
Morri.



by Amun!


sábado, 17 de novembro de 2012

CADÊ A SUA E A MINHA FELICIDADE? O OUTRO FURTOU E POSTOU NO FACE!



 Parece-me que atualmente tem-se a obrigação em ser feliz o tempo todo nos 'faces da vida'. Postagens insossas, já tão banalizadas o tal 'curte aí e compartilha'. Correntes milagrosas e milagreiras, frases cada vez mais sem noção, cardápios para todos os gostos, credos e classes sociais. Indicação de leituras do tipo, “funcionou comigo, vai dar certo pra você”, simpatias, ‘lorotas’ e ‘balelas’. Perdoem-me os poetas, pensadores e puristas do face. Peço licença com as suas correntes de autoajuda e frases prontas e juntamente à minha ignorância para embrenhar nesse breve texto e dizer que sinto enjoos, que me deixam tonto, por isso, tento escrever, embora saiba que não sei , ainda. Diante de tudo que tenho visto, ouvido, chego à (in)conclusão (logo no início do texto, que subversão às ‘normas de redação’), que as redes sociais estão servindo mais como quintais de bate-bocas de vizinhas desesperadas, espaços gourmet que demonstram quem pode ou deve cozinhar melhor, quem usa as especiarias mais sutis ao paladar altamente sofisticado, sendo também  espaço para promoção profissional e arenas de discursos que demonstram o seu lugar social. Vejam bem porque afirmo tal disparate: “cursei tal curso em instituição de renome”, “participo de congressos em minha área de atuação”, “Eu posso isso, posso aquilo”, ‘tenho isso, tenho aquilo”, fotos, fotos, fotos, são credenciais para o mundo pós-moderno? Eu CONSUMO e posto fotos: de carros, viagens, restaurantes, amores(?) , dissabores...E de  muita tecnologia. Confesso que  já me rendi e outros também se renderam  às ‘necessidades’ criadas pelo Capitalismo: “tenha um lap top, um personal computer” (PC em constante falecimento), “um i Pad, um Tablet, um Smartphone e terá a sua rede social atualizada, curtida e compartilhada por vários amigos”. Ao dizer CONSUMO, acredito que  sumo mesmo no que sou, para ser alguém ‘fabricado’ pelas relações cotidianas naturalizadas , marcadas  talvez, pelo bélico prazer em apagar o outro, seja na concorrência de popularidade no virtual, ou não, seja numa beleza legitimada e reforçada , seja naquilo que mostro na rede, no mural, no meu perfil, seja na vida etc. Com isso, apagando denegrindo , discriminando, subalternizando o outro, coloco o meu EU Visível (percebam, o meu ‘EU’ é maior que o ‘outro’). Assim, cria-se a necessidade de estar alegremente feliz, realizado, para impingir no outro o fracasso, afinal, eu tenho e você não tem, eu posso consumir e você não, pois  não é um ‘vencedor’, como EU SOU. Inicia-se  nessa lógica, as ‘postagens felizes’ como forma de criar sentidos de quem sou ou de quem poderei ser no que você vê. Postagens ‘alegres’ não é problema algum, isso  não cansa muito e não é tão ruim assim. Mas, a maneira como as práticas sociais vão se enveredando nessa rede é que acho chata, perigosa e sutil. Ao pensar em espaços, penso   aqui nesse texto em   espaços híbridos, como aqueles que interpenetram as ‘redes virtuais’ e o cotidiano  das pessoas, em intensa (re)formulação e atualização. Nesse sentido, o que se percebe  no face, é que este, é um território ‘livre’, um lugar de espaços democráticos, em que culturas e  ‘pedagogias’ ( do amor, do silêncio, da religião, do lazer, da felicidade, das fórmulas, dos modelos,etc.) se (des)constroem   de diversas formas formando ou opinando sobre as maneiras que o outro  nos vê e/ou nos projeta. Se ‘vendo o meu peixe’ bem através de fotos e atualizações, então serei bem aceito no ‘royal society virtual’. Isso significa dizer que posso transitar por lugares que permitem que tenha muitos ‘amigos’ e ‘seguidores’, o que para mim são como encostos que arruínam a sua vida. Sou da opinião de Ney Matogrosso de que não precisamos ter seguidores/encostos na vida, afinal, já somos bombardeados o tempo todo a mostrar aquilo que não somos através do que consumimos, relacionamos ou apropriamos. Para quê quantidade de ‘pessoas amigas’ que não nos relacionamos nem um dia do ano? Para dizer que se é popular? Não tomamos nem um café, água, refrigerante, cerveja, vinho com a metade das pessoas que adicionamos na rede, elas nem sabem o quanto são importantes, ou quem somos, pois, não estamos com elas, apenas zapeamos com elas na rede, depois, num clique, desconectam-se a todos através da exclusão do ‘amigo’. Não entendo, confesso e peço perdão por tamanha ignorância.   Para aqueles também que estão em constante 'FELICIDADE', ‘ALEGRIA’ e ‘LAZER’, na rede, peço desculpas por tamanho pessimismo. Embora alguns defensores da felicidade, da alegria exacerbada, gratuita e insossa podem não gostar do que delineei por aqui nesses breves vômitos (sinto-me aliviado, o enjoo passou), não me importo e até respeito o seu direito de não gostar do que leu. Compreendo que para alguns, os seus ‘lazeres’, suas ‘felicidades’ e ‘alegrias’ nada mais são que extensão do trabalho que transita numa rotina administrada, governada, regulada e reificada, sem sentido, pobre realmente de sentido. Nesse “mundo em descontrole”, tudo é líquido, os amores, as relações, os afetos. Uma pena, porque o que se torna sólido é somente o ter e o consumir, nada mais. Dessa maneira, vivem-se tempos em que as pessoas têm medo de estar com elas mesmas, preferem estar rodeadas por multidões liquefeitas, que as transformem em coisas sem nome, sem estórias nem memórias e afetos... E assim, enquanto puder fazer as escolhas sobre mim, quero o mínimo de shows e espetáculos de mim mesmo nas relações sociais em que me (des)localizo. Não quero que a ‘rede social face’ retire a minha face ou me desfigure. Não quero olhar no espelho da vida e não me reconhecer nessa vida, nesse mundo. Não quero ter obrigação de sentir a felicidade ou de ostentá-la o tempo todo na rede, como se não pudesse  ter espaços de tristeza ou solidão em minha VIDA. Não quero ter a obrigação de estar alegre ou ‘lazear’, porque a lógica da sociedade hodierna é vender sorrisos e caricaturas para o consumo feliz do ser, que um dia foi Humano.  

                                  by Aldo Fernandes!  texto publicado no facebook no dia 17 de nov de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

MENTIRA?!



E assim...
Odeio gente que se acha tanto que  acaba se perdendo.
Não gosto de gente burra, porque a burrice te deixa sem ação.
Não gosto de gente inteligente demais; tenho medo, pois, a ação em demasia é prejudicial.
A educação não tem jeito: cada vez ensina-se pouco e aprende-se menos ainda.
A política não tem jeito: numa falsa democracia (elitista) poucos chegam ao poder.
As pessoas fingem que amam quando na verdade querem compensar carências infantis. Dou um presente, quero uma retribuição, não faço isso porque gosto, faço isso porque quero controlar o outro de forma sutil.  
As pessoas enjoam das outras com o tempo e já querem outras para se “enamorar”.
A vontade de “caçar” outros corpos é intensa assim como a pulsão pela morte.
Você não é tão inteligente o quanto acha; existe gente muito acima da média.
Detesto mulheres infantis, acham que ter voz e atitudes infantilizadas é garantia de um lobo mau ou um sapo que vira príncipe na vida. Acham que pelo fato de posar de “gatinha” vai ter um monte de “gatos”.
Que cabelo é esse, horrível: horrível porque está alisado, horrível porque está crespo demais.
Esse corpo não te pertence, vai morrer de malhar e não terá o corpo ditado pela mídia.
Você paga personal trainer para ter a ilusão que é rica. Na verdade quer ter status e se achar uma celebridade. Aparece o tempo todo.
O corpinho bonitinho da academia é sem o mínimo de sutileza, só fala bobagens. Mulheres na academia só olham as celulites da outra para sentirem-se felizes, afinal, “é melhor nelas que em mim”.
O intelectual se acha demais porque estudou ou escreveu alguma coisa: fica na teoria, na prática...
Detesto fotos de comidas nas redes sociais. Não sou restauranter e não tenho a pretensão de ser um empresário do ramo do self service. Já basta comida por um real.
Detesto fotos tiradas com latinhas de cerveja e “dois” em punho como se fossem importantes na sociedade que cada vez mais coisificam as pessoas. O lazer está na moda. A felicidade também. Não à toa, um autor de best sellers vende sonhos  fascinantes para a grande massa.
Detesto autoajuda nas redes sociais: círculo de fé, correntes, tantos achismos; o que deu certo para mim não é o mesmo que dará certo para você.
Você vai estudar ,estudar, estudar e a sociedade vai te colocar em situação que terá de esconder os seus estudos, afinal, qualificação é algo inalcançável.
Odeio gente que porque tem bocão e é magérrima/malhado já se acha uma Angelina Jolie ou um Cauã Reymond como se fossem modelos de beleza. Fazer Botox, fios de ouro não é garantia de nada.
Muitos que nasceram no interior querem ser “urbanas” para parecerem menos cafonas, afinal, “estudei tenho direito de achar que sou melhor em relação a quem não estudou”.
Tem gente que acha que pelo fato de gostar de ler livros é intelectual. Tem intelectual  achando que  pelo fato de ler muitos livros é intelectual. Tem gente acreditando que  pelo fato de repetir “aspas” de pessoas famosas, transformará em pessoas intelectuais.
Muitos terminarão o ensino médio e não conseguirá ler uma linha adiante. Muitos terminarão a faculdade e não atuará na área que sonharam ou pagaram para estudar, afinal, tudo tem um preço e a mercantilização está na moda. Quem paga por algo é sempre o cliente!

Enfim... Ainda bem que não falamos a verdade o tempo todo, pois, seria o Caos entre a humanidade. Melhor acreditar mesmo que fazemos as coisas que achamos que fazemos quando na verdade, fazemos porque o outro nos exige que façamos. Melhor crer que, o que gostamos foi algo que escolhemos gostar , quando na verdade nos ensinaram a gostar para construir efeitos, identidades de quem somos e de quem seremos no mundo que vivemos. ...  Mentira social? Não sei. Sei que não falamos a verdade o tempo todo, mentimos para nós mesmos o tempo todo, afinal, sofre-se menos e temos o afã de acreditar que nascemos para viver felizes e plenos por toda uma existência. E assim...
                                                      by Aldo Fernandes!
                         Texto postado no facebook no dia 10/10/12


sábado, 15 de setembro de 2012




Viver, uma dádiva intensa e gratificante de que somos portadores. Completar “eras” é uma experiência marcante, pois, com ela, vem-nos à memória, alegrias, dores, frustações, anseios, vivências, lágrimas, perdas, ganhos, conquistas, que na maioria das vezes, tornam-se amargas ao longo da trajetória, dependendo de como lidamos com cada uma dessas “educadoras” em nosso foro íntimo. Considero a experiência na jornada terrena como um Educandário, em que a pluralidade (con)vive comigo e eu (con)vivo com ela. Num sentimento de intensa troca, somos influenciados pelos outros, pois, precisamos dos outros para nos constituir como Outro. Posso dizer diante de tudo que vivi até os meus 32 anos, que sou uma pessoa feliz, triste, esperançosa, resiliente, lutadora, sou SER HUMANO, como todo o outro SER HUMANO. Por isso, acredito que o SER HUMANO é algo que valha a pena no mundo e assim, não desacredito de sua potencialidade. Agradeço por todas as pessoas que estão dispostas a enveredar comigo por esse caminho desconhecido que chamo de VIDA. Agradeço também pelos outros que não estão mais em minha vida. Outros que, por escolhas minhas/nossas, não estão comigo, afinal, amigos, temos a dádiva de escolhê-los e, de certa forma, estes contribuíram muito para o meu crescimento enquanto estavam de mãos dadas comigo. Sem essas pessoas (que convivi e convivo), com certeza a minha jornada tornar-se-ia insuportável... Uma das coisas que aprendi na vida é ser grato, é desenvolver o sentimento de gratidão, de tudo que sou/estou/tenho. Para mim, é um bem precioso ser grato. É uma riqueza que poucos exercitam nesse “mundo em descontrole”... Diante de todas as emanações, felicitações direcionadas a mim, embora, não sou tudo isso que muitos disseram, sigo transpondo pedras, obstáculos, sem nunca deixar de aprender e absorver o que cada um tem de melhor. Sigo enaltecido e aquilatado por ter pérolas em minha vida, que, através de muitas resistências, dores, (trans)formações, abrilhantam o meu contexto existencial. Aqui, deixo registrado a todos os meus amigos, familiares, alunos e alunas, o quanto sou agradecido por somar na vida de cada um o tudo e o nada, dentro e fora do que sou/estou na imensa névoa Cósmica (Universo). Quero aprender sempre e reconhecer que ainda não sei nada, embora, um passo avancei na senda do conhecimento, sigo na certeza que muito ainda tenho de aprender com os meus companheiros(as) de Educandário. Sintam-se abraçados e afetuosamente amparados pelo meu carinho, diante de tudo que recebi no dia do meu aniversário pelas lembranças ditas, escritas, e silenciadas.  Luz e paz a todos!!!

by Aldo Fernandes! ( mensagem publicada no facebook no dia 15/09/12) 

sábado, 8 de setembro de 2012


MEMÓRIAS...
Não é o início...
Fui gestado. Esperado. Desejado. Nasci.
Cresci, era homem.
Olhava-me, não gostava do que via.
Era um e outro. Um homem. Outro rosto. Outra alma. Outra persona.
Amei? Não sei. Me amei. Não me amaram...
Não me amaram porque não era modelo. Não me amaram porque não era a norma. Não me amaram... Por quê?
Vivi. Cresci. Sofri. Amadureci. Feri e feriram-me. Caí...
Sobrevivi. Levantei. Acreditei. Odiei. Chorei. Sonhei...
Transformei. Lutei. Maltratei. Maltrataram-me...
Sempre amei, vivi, cresci,sofri,amadureci,feri,sobrevivi,levantei,acreditei,odiei,chorei,sonhei, transformei, lutei, maltratei...
Queria ser amada como sou. Nem isso, nem aquilo, nem o outro. Eu.
Estava morta em vida. A sociedade matava-me todos os dias. Quando me deixava invisível...
...Invisível, sem escola, emprego, amores, dignidade, identidade...
Só queria o amor. A vida. A dor de ser eu mesma. Não foi possível. Mataram-me...
Morri duas vezes. Uma quando nasci homem e outra quando enterram-me homem.
Acordei e vi como gostava de ser vista.
Linda para mim e para o meu espelho.
Não é o fim...

by Aldo Fernandes!
 (Homenagem a alguém especial que não conheci, mas, que sei, foi muito especial nos corações de quem o amou...)  Mensagem publicada no facebook dia 08/09/12.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012




E a educação...
Acho muito interessante o que os governos de alguns estados tem feito: protocolado uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o Piso dos professores da escola básica. Ora, isso é uma mensagem muito importante para toda a sociedade, a mensagem deixada é: a educação brasileira não é importante, pois, não se carece da valorização desses profissionais.  Retirar direitos como tantos outros que já foram surrupiados (a titularidade de 30%), inclusive do meu salário e de tantos outros professores, em nome de “investimentos” no professorado, é uma das “benesses” propostas aos docentes. Para terem ideia do absurdo e do respeito com os profissionais da educação pública em Goiás, alguns professores pagaram simplesmente R$ 1000,00 no curso para que obtivessem a titularidade. No caso deste que vos escreve, o curso foi feito em menos de cinco meses ao tomar posse no serviço público e conquistado o direito líquido de ter a titularidade. No entanto, retira-se e fica por isso mesmo (dizem alguns “ninguém perde com isso”). Essa prática é arbitrária e deixa uma mensagem muito interessante para todos os jovens brasileiros: não sejam professores, pois, não queremos respeitá-los!
É Evidente, que um professor que busca sempre se aprimorar em sua “carreira” profissional, não se assujeitará a tais manobras impostas pelos “donos do poder”. Entretanto, percebam, não são todos os profissionais da educação que têm a oportunidade de cursar uma pós-graduação (stricto–senso; mestrado e doutorado), para terem o direito à titularidade de volta. Além disso, não estudarão tanto para receber um salário que não paga nem a quantidades de noites e livros investidas nos estudos acadêmicos. Mais uma vez, a sociedade é quem vai perder, pois, são as gerações futuras as maiores prejudicadas por tais práticas governistas. O preço já está sendo pago, embora os números corroborem o que o povo gostaria/desejaria no Brasil: uma educação de qualidade. É importante dizer, que os números não são neutros e que estes podem ser manipulados a bel prazer, tudo pode ser construído a partir de uma intencionalidade e não neutralidade, como alguns acreditam. Nesse sentido, analisar necessita de maior reflexão. Quanto menos os professores ganharem, melhor a subordinação, a subalternização, estes trabalham/ão por horas exaustivas (60h)-como operários das fábricas na Revolução Industrial. Assim, nesse processo de “produção”, temos mais alunos/as alienados do contexto social para ocuparem as máquinas sofisticadas nas “fabricas-indústrias” e deixam-se os lugares sociais privilegiados para os “filhos do poder”, estes, reproduzem as práticas de subordinações ensinadas pelos seus genitores e assim, ninguém transforma a realidade social, só sobrevive. A lógica é simples, alienam-se muitos para que a exploração seja sutil, indolor, dócil. Para o capitalismo e o neoliberalismo, isso é perfeito, deixa-se que o “mercado seleciona” sempre os ‘melhores’. Em vez de a sociedade achar que a escola é locus para deixar os seus filhos sendo “cuidados”, acredita-se, que o necessário é entender o processo educacional para perceber que muitos terminam o Ensino médio e sequer têm acesso aos estudos acadêmicos superiores, por quê? Porque embora exista um discurso que diz que todos têm acesso à educação superior, poucos realmente conseguem terminar os estudos e atuar na área que estudaram. Portanto, faço da escrita o exercício da minha cidadania, faço com que esses traços sejam as vozes de tantos outros colegas profissionais da educação que vivenciam a angustiosa declinação que a educação brasileira atravessa e que por limitações, são silenciados. Sigo adiante acreditando que a sociedade despertará antes que haja um “apagão” de profissionais melhor preparados para o exercício da docência na rede básica de ensino e assim, interrompo essa escrita que por ora, já chegou ao objetivo proposto: refletir sobre as práticas simbólicas de violência na educação básica. Ensejo que compartilhem esse texto, para que outras pessoas tenham acesso, pois, a educação é dever de todos nós, lutar por ela, é direito e dever de todos!
by Aldo Fernandes (texto publicado no facebook dia 07/09/12)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012






CADÊ O POTE DE OURO?

As pessoas estão cada vez mais inseguras quanto ao contexto  contemporâneo em que vivem. Embora, dizem algumas, que estão solitárias e querem encontrar alguém para uma possível relação , não estão preparadas para tal empreitada. Não estão preparadas pois, busca-se no outro aquilo que não tem em si, como forma compensatória de preencher lacunas... Com um olhar mais atento, não precisa de acurada visão, percebe-se que muitos estão no discurso do "politicamente correto", que aceita a diversidade, e diversidade aqui nesse texto pressupõe toda e qualquer forma de expressão humana (classe socioeconômica, etnia, sexualidades, etc.), mas que na prática isso não se verifica. Numa sociedade que valoriza uma beleza imposta, construída e fabricada por uma hegemonia ditadora , verifica-se que os  os sujeitos são tidos como "zumbis", devoradores de carnes humanas putrefatas/coisificadas. Não estando satisfeitos nunca, posto que a fome é insaciável, busca-se outros , outros, outros, e descarta-se os "restos" como forma de afirmar que se constrói uma nova ordem social. Um dos requisitos mais exigidos na atualidade , pelo que se observa na lógica televisiva,discursiva, social e Capitalista, é que o  "objeto carro" tem um grande construto de poder , como se fosse um mundo à parte do externo mundo dos mortais,  o/a homem/mulher belo/a(?),magro,branco/rico e com carro ( de preferência que não seja o 'popular' )são tidos como seres superiores.Assim, tenho carro , cada vez mais potente com velocidades exorbitantes que nunca posso usar nas rodovias, tenho um "universo particular" que tira-me da apatia que vivo no mundo cotidiano. Por isso, o discurso do utilitário-completo. Nesse sentido, não possuir carro é dizer socialmente que não se é detentor de "status" ,de amigos, de namorados/as,de PODER. Logo, não merece  participar do espetáculo que a vida pós moderna exige: aparecer sempre! Pensemos nas maneiras impostas de ser/estar que a sociedade caminha e reflitamos sobre o que as pessoas representam em nossas relações:são coisas, mercadorias, objetos líquidos, ou estão aqui conosco para somar e construir  algo que valha a pena através da existência humana que é singular singular? Encontremos o nosso pote de ouro através dos valores  humanos e  éticos para  que não  percamo-nos no  vácuo do tempo...Luz!!!

by Aldo Fernandes ( texto publicado no facebook no dia 06/09/12)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012




A BUSCA...
Cansei de procurar você. Relutei para não esperar por você. Olhava rostos, via-os como a mim mesmo. Não gostava do que divisava. Os rostos eram a minha forma, as minhas dúvidas, medos; a minha face. Queria sair dali. Não conseguia. Estava enclausurado à minha memória, naquele monte de lembranças, pessoas, sentimentos faziam parte de mim. Rancores prendiam-me... Acordem-me, chamem-me de volta para o mundo da superfície, da ilusão. Aqui onde estou é muito profundo, sinto dores, sufoco... O mundo real que estava na submersão não me agradava, não gostei. Alguém me tire daqui, arranca-me, imploro! Estou preso por redes invisíveis... Que redes são essas? Elas me enlaçam... Onde estou? Quem sou? Não sei. Perdi-me entre os que conviveram comigo. Queriam que fosse alguma coisa que almejavam, projetavam... Lembrei-me. Morri. Fim.
by Amun

quarta-feira, 15 de agosto de 2012





NOS EDUCANDÁRIOS DA VIDA...

Uma das coisas que acho mais fascinante na vida é conhecer pessoas. Acho mais fascinante, no contexto da contemporaneidade, manter pessoas [vivemos um momento do transitório, dos descartes, dos (des)usos]. Descartamos velhos, gordos, pobres, e todos aqueles que não consideramos modelos, são tidos como "anormais". Quando tenho oportunidade de conhecer alguém/pessoas, com o tempo, quero saber de suas narrativas de vida, quero conhecê-las, ouvi-las e ser ouvido também. Alguns podem chamar-me de anacrônico; nesse sentido, sou mesmo. Gosto de estar próximo de pessoas que tenho simpatias/empatias, embora às vezes não estou fisicamente, mas, os meus pensamentos de carinho e cuidado ecoam em direção aos que gosto, aos que vivem compartilhando a existência comigo. As pessoas que dividem o "viver' conosco não sabem que são importantes se não exteriorizarmos isso a elas. As bolas de cristais são omissas no quesito "revelação sobre a importância dos outros para nós", ou seja, ninguém adivinha sobre esses sentimentos de valorização das pessoas. Tal (is) sentimento(s) é/são demonstrado(s) no cotidiano, nas adversidades e vicissitudes da vida. Por isso, prefiro ser redundante a ser omisso, falo, ligo, mando mensagens e quando posso, estou próximo em corpo presente das pessoas que amo. A existência deve ser vivida com qualidade, qualidade esta, na amizade, nos amores, nas relações na vida e para a vida. A quantidade pode ser algo que nos remete a fragmentos, liquidez,insatisfação,poder, popularidade, depende da ótica, mas, que sem o mínimo de qualidade, a vida pautada na quantidade é adaga cortante em nosso ser, que fere, deixa cicatrizes e coisifica a nós e aos outros . Reflitamos sobre o que estamos fazendo com nós mesmos e com os outros. Uma das coisas mais tristes da existência de alguém é perceber que a sua vida não valeu a pena, que não houve qualidade nem para acordar e respirar nos dias vividos! Não somos máquinas autômatas, somos seres que transitam no Educandário da Vida para mutuamente crescer , sair da infância e almejar estudos superiores nas estâncias da Vida!
Luz e paz!!!

Texto publicado no facebook no dia 15/08/12

                                                      by Aldo Fernandes!

terça-feira, 31 de julho de 2012



Elucubrações sobre a vida e as pessoas...

A vida é muito interessante. Nascemos, e ao nascer, choramos relutantes em abrir os olhos para o mundo externo, talvez pela proteção que fora abundante no conforto uterino. Com o passar do tempo, levamos tombos, e, com muitas dificuldades, levantamos. E a vida segue o seu percurso natural como um rio infatigável... Ao se pensar na vida, vem-me à memória, pessoas, transeuntes que caminham conosco na existência terrena. No entanto, se caminham conosco, não podem ser chamados somente de transeuntes. Para mim, transeuntes, soam como algo impessoal, desconhecido, anônimo, e a escrita desse texto não é para um “desconhecido”, “anônimo”, é para alguém que para mim, é muito ESPECIAL. Especial, pois, com tão pouco tempo de convivência próxima, isso se fez perceptível aos olhos mais atentos e os meus olhos, são muito atentos (quando quero)... Lembro-me de quando tive a oportunidade de encontrar esse Ser Especial, foi num dia ensolarado, após exaustivas atividades referentes ao dia 7 de setembro. Conversamos e vi que os seus olhos cintilavam uma grandeza de alma, que pouco reconhecia no mundo atual. Não à toa, que alguns dizem que os “olhos são a janela da alma”, começo a acreditar nisso, pois, vejo uma grandeza, uma sobriedade e uma imensa força que advém desse portal divino, os olhos. Através das narrativas de vida, pude perceber que não estava enganado, havia algo de diferente naquele olhar e isso era algo raro, algumas pessoas nem mais olham as outras, mas, esse Ser não, olhava-me com compreensão, respeito, cuidado e sensibilidade, e isso, é algo que valorizo no ser humano: o respeito, cuidado de si e dos outros e a sensibilidade. (Com)viver nesse “mundo em descontrole”, sem esses e outros atributos, torna-se insuportável ,porque um mundo autômato, frio, racional, não produz emoções e sentimentos nobres, fabricam-se “coisas e objetos”. Posso asseverar que não estava iludido, essa pérola tinha esses e outros atributos, mas era sutil, quase imperceptível . Hoje com pouco mais de sensibilidade, percebo que os amigos são seres que escolhemos na jornada da vida, são seres que Deus ou essa Força Criadora Universal nos permite encontrar aqui para que a jornada terrena seja menos difícil e dolorosa, e os caminhos (tortuosos às vezes) menos íngremes. Infelizmente, tenho muito pouco a oferecer para as pessoas que estão em minha vida. Sou péssimo na recordação de datas importantes como aniversários e tal. Não tenho hábitos de oferecer bolos e velas a ninguém, mas, de uma coisa sei, procuro ser grato a todas as pessoas que convivo, que de certa forma, somam comigo na vida. Falo o que sinto e o que não quero sentir (às vezes somos forçados a sentir aquilo que não queremos)... Na vida, posso afirmar que algumas vezes encontraremos serpentes metamorfoseadas em algo inofensivo, parece que é inevitável, tendo em vista os diferentes caminhos que precisamos trilhar para crescer. Algumas serpentes vivem camufladas nas areias do nosso cotidiano, esperando o momento certo de nos atacar. O importante é não se preocupar, somos diferentes da maioria, temos o antídoto contra o veneno que, para muitos pode ser fatal, para nós pode ser indiferente. Temos o AMOR como força- motriz na vida no início, nas intermitências e no fim. Sabemos que a vida, não dá nada mais daquilo que oferecemos aos outros e por isso, damos sempre o Amor e a Compreensão para seguirmos adiante sem o peso que dilacera as nossas almas. As que carregam o peso, estas sofrem, pois, a consciência cobra como um credor insatisfeito, que chama à quitação da dívida assumida... Sua família e amigos, tenho certeza, têm muito orgulho de você por tudo isso que representa na vida delas e, eu  também, tenho orgulho por tudo que me ofereceu durante a nossa empreitada “profissional”. Aprendi muito contigo e almejo aprender ainda mais, já que escolhemos ser amigos, temos o dever mútuo para concretizar essa empreitada inacabável: a busca do aprender constante. Obrigado Christiane pelo presente (a sua amizade) e pela escolha que fizemos juntos, a possibilidade de sermos amigos. Quero registar no tempo e no espaço a minha gratidão pelos abraços e pelo carinho direcionado a mim todos os dias em que estávamos juntos no trabalho, esses gestos só reforçaram aquilo que já sabia sobre você e que via nos seus olhos: és grande e preciosa. Que a luz, a paz e a sobriedade, sejam sempre a sua guia e que nesse (re)começo ( a Vida é um recomeçar constante), possa demonstrar de forma simples e sutil para outras pessoas  assim como você mostrou  que ,  o que  a vida tem de bom são as pérolas  ornadas no nosso cotidiano, em  nossa jornada, em  nossa estada (breve) . Nada é nosso aqui, a não ser os sentimentos que angariamos ao longo do percurso da VIDA! Luz e paz, sempre!
   by Aldo Fernandes

 texto publicado no facebook  no dia 31/07/12  em homenagem à amiga Christiane Ribeiro de Andrade. 

sexta-feira, 27 de julho de 2012



A NOVA ORDEM!

Acordei  e deparei com um "novo mundo". Via pessoas estranhas a mim, sem rostos, eram quase deformadas como nas telas expressionistas. Não sorriam, choravam, como se sentissem falta de algo que estava perdido. Via quantidade de pessoas, automáticas, cibernéticas, informatizadas e muito informadas.Percebia também que essas mesmas pessoas estavam em um casulo protetor,como um escafandro, ninguém queria mais "pessoas". As relações , um me dizia, não existem mais, agora  somos somente "coisas" transformadas para o consumo e para o espetáculo. Achei estranho  saber que não mais via as pessoas que convivi outrora, a impressão era que o tempo estava líquido, olhava no chão, via "coisas se desfazendo" . Olhava os relógios, e via-os como plásticos. Será que estava dentro de alguma tela de Dali? Era muito surreal. Queria entender  o motivo de tais divagações, onde estou? por que sinto-me estranho, como se estivesse fora de mim, por que vejo algumas  pessoas aniquiladas, amputadas? Vejo que não tem cabeça, não tem pernas, nem olhos, estão cegas! Olho no centro do peito , acho que do lado esquerdo de alguns transeuntes e vejo a chave de tudo, tenho a resposta para as minhas indagações: não existia nada dentro daquelas pessoas, o que diferenciava-me das demais, era que tinha algo que pulsava , pulsava dentro de mim, como algo a gritar, EU VIVO E SINTO O AMOR POR MIM E PELOS OUTROS EM MINHA VOLTA....Tranquilizei-me, pois, embora muitos eram , automatizados, eu, ainda era um ser frágil, composto de carne, osso e espírito, não havia "evoluído", ainda era como algo do passado, sentia, vivia, amava e chorava.Agora, na confusão de tudo, não sei mais onde estou,a visão está turva, os olhos,não veem bem(???).  Sei que vou para algum lugar , caminhando rumo ao desconhecido, e espero que encontre pessoas que sobreviveram a NOVA ORDEM, a ordem do virtual, do efêmero, da quantidade, do banal...   

                                                           by Aldo Fernandes!

quarta-feira, 18 de julho de 2012




Bom dia, AMIGO!

A amizade, quando verdadeira, é uma das mais belas manifestações de amor. É nesse momento, quando conhecemos alguém e confiamos, que se outorga o título de “Amigo”. Amigo é aquele que ampara o outro nos momentos de dor, tristeza, solidão, ou até nos momentos de multidão, porque não? É aquele que também nos chama a repreenda, quando se faz necessária uma reflexão sobre os nossos atos. Assim como os nossos pais, que nos chamam à atenção quando fazemos algo não condizente com a ética, ou valores esperados, (somos crianças nas “Estâncias da Vida”, estamos aprendendo sempre), os amigos também detêm desse poder e nos alerta.
Essas pérolas, os nossos verdadeiros amigos, são como anjos em nossa vida física (e porque não espiritual, também?), são a bússola, que nos aponta o caminho da retidão, da dignidade, para que não nos percamos nas florestas traiçoeiras da ilusão. São esses seres iluminados em nosso cotidiano que nos faz perceber a singeleza de um sorriso, a simplicidade de uma lembrança, a inocência e a doçura das coisas simples da Vida. Somos seres em estado bruto ao aportarmos aqui nesse Orbe Terrestre, assim como um diamante bruto, somos lapidados através da convivência, das agruras, das intempéries diárias, em um incessante burilamento, auxiliados por pelos verdadeiros amigos, estes, nos defende, aconselha e nos faz perceber que a Vida é um emaranhado complexo, de chegadas, idas, vindas e despedidas, mas, ao mesmo tempo, faz-nos perceber que a vida em sua essência, é composta por e pela simplicidade, simplicidade esta presente nos gestos, nas ações, no entendimento do outro e de nós mesmos.
A Vida deve ser pensada e aproveitada da melhor maneira possível, sem prejudicar os outros em nossa volta e a nós mesmos; pode ser uma tarefa difícil nesse “mundo em descontrole” (GIDDENS, 2000), mas é possível ser afetuoso, simpático, mesmo quando a vida torna-se banalizada e escorregadia em função de tantos “amores e pessoas líquidas”, coisificadas pelo consumo exacerbado do capitalismo. O verdadeiro amigo é aquele que ouve primeiro, mesmo quando quer falar, é paciente e espera a sua vez, afinal, ser desprendido, é sinal de grandeza. É amigo, aquele que te estende à mão e te conduz nos caminhos cheios de pedras e obstáculos transmitindo-lhe confiança. Através do seu olhar confortador tem-se a certeza de que ele diz: “confia em mim, estou ao seu lado e não o deixarei sozinho, sigamos em frente”.
   Assim, anseio que eu, tu e os outros possamos ter a certeza tranquilizadora por dentro, que diante das agruras da vida (inevitáveis), estaremos amparados pelo amor incondicional e sereno (dos nossos amigos verdadeiros), sempre prontos para cuidar, ouvir e proteger ao(s) mais necessitado(s) de sua presença. Eu, tu e os outros, agradecemos por tudo que tem acrescentado na jornada íngreme da Vida. Como bem afirma Fernandes (2012), “Os amigos são pérolas que Deus nos presenteia na Terra. São diamantes brutos que a convivência os torna brilhantes, melhores e mais felizes”.
    Sou feliz por ter amigos verdadeiros em minha existência. E você? Já disse ao seu amigo, o quanto ele é importante em sua vida? Não? Então aproveite o dia da Amizade e o dia Mundial do amigo e materialize esse gesto, seja por e-mail, pessoalmente, por telefonema, por redes sociais, enfim, seja grato por tudo que este amigo te oferece e você sentirá leve, como o toque de uma brisa suave em sua face, por tudo que aprende, troca e constrói ao seu lado.
Bom dia, Amigo! Esteja sempre por perto, amparando e cuidando de mim, para que, mesmo caído, tenha forças para levantar. Saiba que mesmo fatigado no percurso da Vida, confio em você. A minha gratidão será eterna a ti... Feliz dia da Amizade, feliz dia Mundial do Amigo a tod@s!