E a educação...
Acho muito interessante o que os
governos de alguns estados tem feito: protocolado uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o Piso
dos professores da escola básica. Ora, isso é uma mensagem muito importante
para toda a sociedade, a mensagem deixada é: a educação brasileira não é
importante, pois, não se carece da valorização desses profissionais. Retirar direitos como tantos outros que já
foram surrupiados (a titularidade de 30%), inclusive do meu salário e de tantos
outros professores, em nome de “investimentos” no professorado, é uma das
“benesses” propostas aos docentes. Para terem ideia do absurdo e do respeito
com os profissionais da educação pública em Goiás, alguns professores pagaram simplesmente
R$ 1000,00 no curso para que obtivessem a titularidade. No caso deste que vos
escreve, o curso foi feito em menos de cinco meses ao tomar posse no serviço público
e conquistado o direito líquido de ter a titularidade. No entanto, retira-se e
fica por isso mesmo (dizem alguns “ninguém perde com isso”). Essa prática é
arbitrária e deixa uma mensagem muito interessante para todos os jovens
brasileiros: não sejam professores, pois, não queremos respeitá-los!
É
Evidente, que um professor que busca sempre se aprimorar em sua “carreira”
profissional, não se assujeitará a tais manobras impostas pelos “donos do
poder”. Entretanto, percebam, não são todos os profissionais da educação que
têm a oportunidade de cursar uma pós-graduação (stricto–senso; mestrado e
doutorado), para terem o direito à titularidade de volta. Além disso, não
estudarão tanto para receber um salário que não paga nem a quantidades de
noites e livros investidas nos estudos acadêmicos. Mais uma vez, a sociedade é
quem vai perder, pois, são as gerações futuras as maiores prejudicadas por tais
práticas governistas. O preço já está sendo pago, embora os números corroborem o
que o povo gostaria/desejaria no Brasil: uma educação de qualidade. É
importante dizer, que os números não são neutros e que estes podem ser
manipulados a bel prazer, tudo pode ser construído a partir de uma intencionalidade
e não neutralidade, como alguns acreditam. Nesse sentido, analisar necessita de
maior reflexão. Quanto menos os professores ganharem, melhor a subordinação, a
subalternização, estes trabalham/ão por horas exaustivas (60h)-como operários
das fábricas na Revolução Industrial. Assim, nesse processo de “produção”,
temos mais alunos/as alienados do contexto social para ocuparem as máquinas
sofisticadas nas “fabricas-indústrias” e deixam-se os lugares sociais
privilegiados para os “filhos do poder”, estes, reproduzem as práticas de subordinações
ensinadas pelos seus genitores e assim, ninguém transforma a realidade social,
só sobrevive. A lógica é simples, alienam-se muitos para que a exploração seja
sutil, indolor, dócil. Para o capitalismo e o neoliberalismo, isso é perfeito,
deixa-se que o “mercado seleciona” sempre os ‘melhores’. Em vez de a sociedade
achar que a escola é locus para
deixar os seus filhos sendo “cuidados”, acredita-se, que o necessário é
entender o processo educacional para perceber que muitos terminam o Ensino
médio e sequer têm acesso aos estudos acadêmicos superiores, por quê? Porque
embora exista um discurso que diz que todos têm acesso à educação superior,
poucos realmente conseguem terminar os estudos e atuar na área que estudaram.
Portanto, faço da escrita o exercício da minha cidadania, faço com que esses
traços sejam as vozes de tantos outros colegas profissionais da educação que
vivenciam a angustiosa declinação que a educação brasileira atravessa e que por
limitações, são silenciados. Sigo adiante acreditando que a sociedade
despertará antes que haja um “apagão” de profissionais melhor preparados para o
exercício da docência na rede básica de ensino e assim, interrompo essa escrita
que por ora, já chegou ao objetivo proposto: refletir sobre as práticas
simbólicas de violência na educação básica. Ensejo que compartilhem esse texto,
para que outras pessoas tenham acesso, pois, a educação é dever de todos nós,
lutar por ela, é direito e dever de todos!
Acessem
a notícia sobre a Adin: <http://noticias.r7.com/educacao/noticias/cnte-critica-nova-acao-de-governadores-contra-piso-salarial-para-professores-20120905.html>
by Aldo Fernandes (texto publicado no facebook dia 07/09/12)
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