sexta-feira, 7 de setembro de 2012




E a educação...
Acho muito interessante o que os governos de alguns estados tem feito: protocolado uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o Piso dos professores da escola básica. Ora, isso é uma mensagem muito importante para toda a sociedade, a mensagem deixada é: a educação brasileira não é importante, pois, não se carece da valorização desses profissionais.  Retirar direitos como tantos outros que já foram surrupiados (a titularidade de 30%), inclusive do meu salário e de tantos outros professores, em nome de “investimentos” no professorado, é uma das “benesses” propostas aos docentes. Para terem ideia do absurdo e do respeito com os profissionais da educação pública em Goiás, alguns professores pagaram simplesmente R$ 1000,00 no curso para que obtivessem a titularidade. No caso deste que vos escreve, o curso foi feito em menos de cinco meses ao tomar posse no serviço público e conquistado o direito líquido de ter a titularidade. No entanto, retira-se e fica por isso mesmo (dizem alguns “ninguém perde com isso”). Essa prática é arbitrária e deixa uma mensagem muito interessante para todos os jovens brasileiros: não sejam professores, pois, não queremos respeitá-los!
É Evidente, que um professor que busca sempre se aprimorar em sua “carreira” profissional, não se assujeitará a tais manobras impostas pelos “donos do poder”. Entretanto, percebam, não são todos os profissionais da educação que têm a oportunidade de cursar uma pós-graduação (stricto–senso; mestrado e doutorado), para terem o direito à titularidade de volta. Além disso, não estudarão tanto para receber um salário que não paga nem a quantidades de noites e livros investidas nos estudos acadêmicos. Mais uma vez, a sociedade é quem vai perder, pois, são as gerações futuras as maiores prejudicadas por tais práticas governistas. O preço já está sendo pago, embora os números corroborem o que o povo gostaria/desejaria no Brasil: uma educação de qualidade. É importante dizer, que os números não são neutros e que estes podem ser manipulados a bel prazer, tudo pode ser construído a partir de uma intencionalidade e não neutralidade, como alguns acreditam. Nesse sentido, analisar necessita de maior reflexão. Quanto menos os professores ganharem, melhor a subordinação, a subalternização, estes trabalham/ão por horas exaustivas (60h)-como operários das fábricas na Revolução Industrial. Assim, nesse processo de “produção”, temos mais alunos/as alienados do contexto social para ocuparem as máquinas sofisticadas nas “fabricas-indústrias” e deixam-se os lugares sociais privilegiados para os “filhos do poder”, estes, reproduzem as práticas de subordinações ensinadas pelos seus genitores e assim, ninguém transforma a realidade social, só sobrevive. A lógica é simples, alienam-se muitos para que a exploração seja sutil, indolor, dócil. Para o capitalismo e o neoliberalismo, isso é perfeito, deixa-se que o “mercado seleciona” sempre os ‘melhores’. Em vez de a sociedade achar que a escola é locus para deixar os seus filhos sendo “cuidados”, acredita-se, que o necessário é entender o processo educacional para perceber que muitos terminam o Ensino médio e sequer têm acesso aos estudos acadêmicos superiores, por quê? Porque embora exista um discurso que diz que todos têm acesso à educação superior, poucos realmente conseguem terminar os estudos e atuar na área que estudaram. Portanto, faço da escrita o exercício da minha cidadania, faço com que esses traços sejam as vozes de tantos outros colegas profissionais da educação que vivenciam a angustiosa declinação que a educação brasileira atravessa e que por limitações, são silenciados. Sigo adiante acreditando que a sociedade despertará antes que haja um “apagão” de profissionais melhor preparados para o exercício da docência na rede básica de ensino e assim, interrompo essa escrita que por ora, já chegou ao objetivo proposto: refletir sobre as práticas simbólicas de violência na educação básica. Ensejo que compartilhem esse texto, para que outras pessoas tenham acesso, pois, a educação é dever de todos nós, lutar por ela, é direito e dever de todos!
by Aldo Fernandes (texto publicado no facebook dia 07/09/12)

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