sábado, 25 de outubro de 2014

Os nãos da existência
A vida é um senão.
O não sempre quis corporificar-se em minha vida.
Negativas quando nasci, por isso pranteei.
As entranhas da Terra não se abriram para mim.
Desde tenra idade insistia brigar com os nãos.
Não silêncios. Não palavras. Não pessoas. Não vidas.
Como existem não indivíduos no meu mundo.
Os não nomes não rompem com a vida.
Preferem a morte: sim.
Nego a palavra não.
Não porque sou negativo, mas porque sou afirmativo.
Agora só vivo na vida com os sins das palavras: performatizo . 
Palavras-vivas. Vozes-algozes. Vocábulos-atrozes.
A vida é um monturo de nãos e um grão de sins.

Desfaço os sambaquis da minha existência usando as pás assertivas.  
 Clô Fernandes

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Comer pessoas

Quando nasci senti fome, não chorei.
O meu estômago clamava por comer.
Era muito novo para degustar.
Os meus gostos eram insossos.
Aprendia a decifrar os meus sentidos aos poucos.
Hoje como e degusto.
Devoro vidas-narrativas.
Abocanho experiências-pessoas.
Engulo memórias-existências.
As pessoas com que coexisto dão-me sabor ao engoli-las.
Com quem convivo, vivo.
Com quem coexisto, sinto.
O meu estômago está curado porque comi pessoas.
As ditas cujas são bálsamo para a acidez da vida.
 Clô Fernandes


Ao(à) mestre(a) com carinho
Dia 15 de outubro é o dia em que se comemora o valor do/a professor/a. É o tempo em que maiores felicitações acontecem pelos veículos midiáticos, no entanto, é um acontecimento que pode promover denúncias que maltratam o cotidiano deste/a profissional em sua existência. Mais que parabenizá-lo/a, quero com este artigo, demonstrar que as nossas vozes se juntam em um mesmo coro: reivindicar uma dignidade social. Assim, esperamos com essas linhas, propor duas coisas: felicitar o/a docente pelo sua profissão e refletir sobre a condição profissional no contexto atual.
Sabe-se que o dia instituído para a comemoração do/a professor/a deu-se no século XIX, basicamente em 1827, quando Dom Pedro I baixa o decreto imperial que cria a Escola Elementar no Brasil, doravante, “Escola de Primeiras Letras”.  Nesta proposta a discussão pautava a partir de vários direitos, dentre eles, a remuneração do/a professor/a e a descentralização da educação brasileira, a contratação de docentes e os currículos educacionais. Contudo, o lugar supostamente reconhecido do/a educador/a materializaria na agenda social após quase 120 anos, no ano de 1947.
O motivo para que esta data de meados do século XX acontecesse, foi que a jornada de trabalho era extenuante e as férias por volta de dez dias, tornaria inviável o descanso efetivo. Sendo assim, quatro educadores na cidade de São Paulo, resolveram paralisar neste dia como um ato político a fim de evitar a fadiga. Com o passar dos anos a comemoração dar-se-ia todos os anos no mês de outubro sendo oficializada a data pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O artigo terceiro deste decreto chama-nos a atenção, pois propõe a comemoração condignamente deste profissional e sugere que os estabelecimentos de ensino promovam atos solenes que enalteça a figura do mestre na sociedade, trazendo à participação os/as alunos/a e as famílias.
Fizemos essa rápida digressão histórica para provocarmos o leitor mais atento, porque queremos pensar neste profissional na atualidade e na sua imagem social no que tange à sua valorização. Assim, vem-me à mente algumas dúvidas, nas quais penso, de que maneira comemorar este dia 15 de outubro sabendo que no Brasil afora há colegas de profissão que são maltratados pelo sistema que recebem tão mal os salários e que por isso, precisam trabalhar de maneira extenuante em até três períodos para garantir a subsistência mínima para a família. Em relação ao salário, não se pode comemorar nem aqui em Goiás nem em outro lugar do Brasil (exceção no DF?), tendo em vista que o profissional da educação de nível superior ganhar 40% a menos que qualquer outro profissional de mesma escolaridade. Há ainda gestores públicos que ousam pagar por hora-aula em editais de concursos públicos o valor de R$ 8,74. Há ainda governos que ousam oferecer por 20 horas de trabalho, um salário de R$ 950,53. Não, definitivamente, não se pode comemorar o dia do/a professor/a como sugere o terceiro artigo arrolado no início, com um/a profissional da educação ganhando em média este salário.
Lanço o desafio a toda a sociedade goiana para perguntar ao/à professor/a sobre o seu contentamento salarial. Talvez eu seja pessimista ou esteja reverberando o senso comum neste texto, mas não encontraremos um/a docente contente com a forma que é tratado pelos gestores públicos, que, de maneira violenta, retiram os direitos até então adquiridos, como a titularidade por exemplo. A titularidade é uma das tantas outras gratificações retiradas pelos estados nos contracheques, é somente a ponta de um iceberg. Para o caro/ao leitor ter uma ideia da valorização da docência, o cálculo é muito simples, qualquer pessoa escolarizada sabe fechar as contas. Por exemplo, sem a gratificação de titularidade do/a educador/a goiano, este perde mensalmente uma média de R$ 771,02 (nível P-III) e R$ 869,10 (nível P-IV), respectivamente, anualmente temos de prejuízo R$ 9.252,24 e R$ 10.429, 20.
Contudo, ao estarmos inseridos no neoliberalismo, bem sabemos que se criam mecanismos que assujeitam e disciplinam as pessoas sem que estas percebam o domínio dos seus corpos; o “Reconhecer” é uma mostra fidelíssima disto, ou seja, não há câmeras que controlam o trabalho do outro-não temos o “olho que tudo vê” nas fábricas, mas no dizer de Jeremy Bentham, somos controlados sem os muros e as cercas porque controlados foram os nossos corpos. Há uma falsa sensação de reconhecimento e liberdade quando os comportamentos são estimulados a darem respostas. Em relação à titularidade, embora pareça que muitos professores aceitaram este corte, não é bem assim não. Não foi e não será uma gratificação de “Reconhecer” que irá desmerecer este profissional que está diuturnamente na escola exercendo o seu papel social, mesmo que haja tantos problemas físicos nos prédios tais como: rachaduras, mofos, quadros deteriorados e alunos/as desestimulados, afora condições insalubres no seu cotidiano.
Em relação ainda sobre o salário do/a professor/a, de acordo com a reportagem publicada no dia 10 de setembro de 2014 na revista Veja (<http://veja.abril.com.br/blog/impavido-colosso/salario-dos-professores-brasileiros-esta-entre-os-piores-do-mundo/>), o Brasil é o país que paga pior este profissional, ficando atrás somente da Indonésia. Ao comparar a tabela salarial com países da América Latina, como o Chile e México é vergonhosa a situação. Diante deste quadro, pergunto, como os nossos governantes querem que a educação haja uma alavancada se um dos protagonistas do processo não é remunerado adequadamente? Como um/a docente público, por exemplo, que busca formação continuada em cursos de mestrado e doutorado continuará na rede básica se mesmo antes de estudar, a sua licença poderá ser negada? Não é direito do servidor público se ausentar do trabalho de forma remunerada para avançar na sua formação de acordo com o artigo 116 da lei nº 13.909 de 25 de setembro de 2001? Diante deste contexto, evidentemente que os jovens não almejarão uma profissão pela qual não serão reconhecidos socialmente por ela. Há inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutorados que comprovam isso.
Pensar o dia do/a professor/a significa convocar a sociedade no sentido de perceber que a educação pública de qualidade é dever de todos. Como sempre reitero em meus textos, não basta que poucos possam pagar uma escola e que os outros não tenham o mínimo direito assegurado. Frequentar as salas de aulas não significa direito garantido; muitos concluem o processo escolar porque o sistema de aprovação compulsória institui isso de maneira simbólica. Em um dado momento essa dívida será cobrada e todos, mesmos os que acham protegidos pelos muros dos condomínios fechados, terão de olhar para o lado e compreender que somos seres sociais e que a violência pode refletir no coletivo quando não se tem acesso à educação.
Ao trazer nesta escrita a reflexão sobre o dia 15 de outubro, desestabilizo também os discursos de vitimizações acerca do/a professor/a. Este não é vítima, só não é bem-remunerado como muitos pensam, só não tem o espaço de atuação profissional adequado como muitos imaginam, não possui autonomia em sua prática. Pelo que ouço dos/as colegas, muitos querem sim estudar, comprar livros, aprender novas práticas pedagógicas, mas o sistema burocrático a que a nossa educação tornou-se engessa a sua autonomia como sujeito e o/a faz trabalhar até quase três períodos. São tantos papéis, formulários e números de metas, que as nossas escolas tornaram-se empresas e o docente um colaborador que executa o que é chegado de cima para baixo, mesmo que para isso, fabrique robôs para a era pós-moderna e industrializada, máquinas não pensam, só reproduzem o que foi ensinado mecanicamente. Isto não é educação, chama-se deseducação do ser humano e suas potencialidades, pois cada vez mais percebe-se que os nossos discentes terminam o ensino médio sem condições mínimas de letramentos. Muitos não estão em condições de adentrar os portões das universidades e do mercado de trabalho porque não sabem ler e escrever diante de diversas práticas sociais, ao contrário, só repetem o que muitas cartilhas educacionais descontextualizadas ensinaram. Digo e repito, tudo que se veicula pelo Brasil em relação a educação de qualidade não condiz com a realidade. É preciso que questionemos de qual qualidade falamos, de qual lugar essas pessoas são/estão sendo escolarizadas. Como bem sabemos, os números não são neutros e estes servem a uma dada lógica cartesiana e estatística .
A educação de carne, osso, memórias, histórias em salas de aula, esta não melhorou como aponta muitos de nossos governantes. Estes não estão em sala de aula, não entendem de educação porque não são educadores, são administradores, economistas, filhos de médicos, engenheiros, ou filhos de alguns políticos. Muitos de nossos elegidos fazem parte de um jogo elitista de poder que só legitima a exclusão social a partir de uma educação homeopática: dê aquilo de acordo com a necessidade, nem mais e nem menos, só o necessário para que haja uma sensação de melhora na ferida social. Muitos de nossos gestores não sabem falar de educação porque não estão em salas de aula cheias sem o mínimo de conforto. Alguns de nossos ilibados políticos não sabem o que seja educação porque não buscaram os seus filhos nos portões das escolas que gerem, já que os seus pupilos nem sabem o que seja escola para as massas.
    Muitos de nossos governantes não sabem falar de educação porque não saem em desfiles de sete de setembro em sol quente numa manhã de domingo, aliás, diga-se de passagem, professores/as desfilaram na data da independência do Brasil na cidade de Anápolis e não obtiveram o descanso em dobro pelo ato cívico. Por que será que são obrigados a levantarem de suas casas em dia de descanso (domingo) e não podem ter a folga sem prejuízo de bonificação? Por acaso o mesmo bônus que é dado é também motivo de chibata e controle do seu lazer?  Não, não e não, definitivamente não é o dia do professor que anseio. Almejo o dia em que professores sejam respeitados nos direitos mínimos: afetivos, salariais, pedagógicos e sociais.
Interrompo aqui este texto, na certeza de que ano que vem, no mesmo dia, possamos comemorar os direitos arrolados aqui e que perfazem 187 anos.  Sonho em um dia ouvir do/a meu/minha aluno/a, seja na universidade ou na rede básica, que este/a tem uma vontade em ser diferente, em pensar diferente, promover coisas novas na sociedade. Desejo que este/a mesmo/a aluno/a seja acicatado/a a seguir adiante com consciência política do mundo que o/a cerca e que mesmo fazendo parte do suposto alto cargo profissional, não se esqueça do lugar de outrora: a rede básica de educação. Anseio que o/a meu/minha aluno/a queira ser aquele/a que (trans)forma o outro pelo olhar, pelo verbo-ação, escrevendo novas linhas e parágrafos nas vidas das pessoas, a partir de um lugar social reconhecido: o de ser professor/a. 
Texto publicado no jornal Diário da Manhã em 15.out.2014. Disponível em: <http://www.dm.com.br/jornal/#!/view?e=20141015&p=23

As eleições de 2014 e alguns paradoxos  
Neste último domingo, dia em que os eleitores foram às urnas para obrigatoriamente decidir o rumo da política brasileira, pude ouvir vários discursos que fizeram-me conjeturar sobre o que é cidadania e o exercício do voto, cujo ato refletirá durante quatro anos em  nossas vidas, compreendi que o exemplo de uma figura pública pode ser dado pelas mínimas coisas.
Algo chamou-me a atenção pela manhã, não sendo diferente de quase todas as eleições anteriores, a prática de jogar os panfletos eleitorais, mais comumente chamados de “santinhos”. Para mim não há nada de ‘santo’ nesta legitimidade política que polui visual e ambientalmente as nossas cidades, ao contrário, chega a ser afrontosa a imposição dos candidatos em descer goela abaixo as suas imagens sorridentes diante do eleitorado.
Quando penso nestes “santinhos”, compreendo também que as imagens destes candidatos é uma falta de respeito com o cidadão de bem que ao ser obrigado a levantar-se no domingo em seu único dia de descanso, também é compelido a transitar por um espaço coletivo sujo e antiestético que é a rua nos dias das eleições e mais, um ambiente que torna-se perigoso devido as possibilidades de acidentes, tais como, fraturas, traumatismo craniano, quedas etc., proporcionadas pelo papel escorregadio . As praças e alamedas, locais de sociabilidade e lazer, tornam-se um amontoado de panfletos de candidatos que ao concordarem com este crime eleitoral, realmente não merecem voto algum do povo brasileiro.
Infelizmente, parece que poucos conseguem associar as imagens poluentes nas ruas com as práticas de gestão e governo destes candidatos na agenda política no Brasil. Será que há neutralidade nestes candidatos na decisão do rumo social de um povo quando permitem um crime dessa magnitude? Não concebo que uma coisa se dissocia de outra, pelo menos no que tange à anuência destes senhores/as do poder político e a forma arbitrária de mudar a opinião do voto do eleitor antes de adentrar a cabine de votação. O eleitor já não está tão alienado do seu lugar na sociedade a ponto de mudar de ideia porque viu lixo na rua. Além de vetusta essa prática dos “santinhos” é um crime que deveria ser punido com rigor, embora o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Walter Carlos Lemes, prometeu punições severas em jornal televisivo da capital na última segunda-feira. O que subentende a partir da entrevista é que será a primeira penalidade em sua gestão, já que candidatos serão responsabilizados.  
Quando penso que muitos profissionais da limpeza urbana de Goiânia e de nossas cidades, são os responsáveis para trazer de volta a ordem cotidiana das ruas limpas e que no mínimo, terão de retirar só na capital mais de 140 toneladas de lixo, entendo que as prefeituras devem reconhecer o papel importante deste profissional em nosso país com salários dignos e condições de trabalho humanamente aceitáveis. Imaginemos a quantidade de lixo retirada neste primeiro turno em todo o estado e cidades brasileiras. Desta maneira, da mesma forma que o serviço voluntariado recebe dois dias pelo trabalho nas eleições, seria plausível que estes profissionais obtivessem uma escala de folga em dobro pelo serviço prestado (não creio ser obrigação de o gari limpar a sujeira do candidato-figura pública irresponsável). Bem se sabe que uma prática cultural não se muda em quatro anos. Haverá candidatos porcalhões nas próximas eleições que aceitarão os “santinhos” nas ruas (espero não no segundo turno aqui em Goiás).
Sugiro a alguns candidatos bem intencionados, cujos valores gastos em campanhas são mais de 30 milhões de reais, segundo prestação de contas nesta eleição, que deem uma contrapartida social limpando as ruas conspurcadas. Recomendo ainda, que os mesmos candidatos eleitos, tenham a coragem de vir à mídia pedir desculpas ao eleitorado diante destas ações imundas de nossas cidades, ações estas autorizadas pelos partidos e afins e que estes mesmos eleitos prometam não causar danos ambientais dessa natureza (os bueiros, rios e córregos também agradecem), sob pena de entrar para uma ‘ficha imunda’. O ato de vir à mídia televisiva (mais acessiva do grande público) poderia ser um começo de cidadania e urbanidade, um exemplo ao restante da sociedade. Afinal, muitos dos nossos políticos dizem que representam o povo, e a lei do “sujou, limpou”, deve ser aplicada também aos moradores do parnaso político. Como cidadão, observarei as medidas tomadas pelo órgão superior eleitoral em relação à imundície, pois tenho o direito de exigir punição civil. 
Outro paradoxo encontrado no turno eleitoral foram as relações com o serviço voluntário de mesários e a espera exacerbada de eleitores obrigados a votar. Neste primeiro turno fiquei indignado com a maneira com que os mesários trabalharam com um sistema biométrico ineficiente, cuja autorização do presidente, para que o eleitor votasse só se daria após oito tentativas. Como presidente de seção, juntamente com os meus colegas, tivemos de ouvir, com razão, as indignações dos eleitores diante de filas quilométricas que esperavam por mais/quase (de) duas horas.
Além disso, muitos mesários voluntários foram obrigados a trabalhar em seções ajuntadas com quase 400 eleitores. Um exemplo concreto disso foi a minha, situada na Paróquia São Sebastião em Anápolis-GO, seção 178-179. Diante de tantos paradoxos, aumenta o tempo médio na fila, o eleitor desiste de fazer algo que já não acredita tanto: votar.  Somado a toda essa epopeia, juntam-se as seções, o voluntário ganha R$ 25,00 para almoço e trabalha de forma exaurida para cumprir um suposto ato de cidadania. Parece-me que a mecanização da mão de obra (pós)industrial chegou para os mesários. Paga-se R$ 25,00 para quatro mesários o que teria de ser pago para outros quatros se não fossem unidas as seções. No final da matemática a conta é simples: R$ 100,00 de economia e o ato cívico cumprido –agradeça por fazer parte da família cívica brasileira. Mas e a qualidade nos serviços públicos prestados, fica em segundo plano?
Reflitamos, o voto é obrigatório e ainda assim o cidadão é compelido a ficar em filas sem cadeiras confortáveis, disponibilizadas somente para eleitores preferenciais? Os mesários com eleitores acumulados de outras seções não podem ter o mínimo direito de se organizarem para um almoço com qualidade? Como organizar horários para refeições, se antes do almoço, eleitores lançam injúrias devida a falta de paciência por esperarem 1h e 40 minutos também sem almoço? Cadê a cidadania de ambas as partes tão propalada nos veículos midiáticos durante o processo eleitoral?

Assim, encerro este artigo convidando o leitor e os demais candidatos, a pensarem sobre o que é cidadania, urbanidade, hombridade, direitos básicos. Deixo materializada nesta breve escrita, a vergonha que tenho em saber que muitos candidatos dos quais estarão/estão no poder, são os mesmos que endossaram/endossam as sujeiras de nossas ruas com os seus “santinhos”, são/serão também os mesmos que assujeitarão a parte mais vulnerável de uma sociedade: o povo. Digo mais, estes candidatos não me representam, porque como docente, incito a reflexão em meus discentes e provoco-os no sentido de (trans)formar a realidade que os cercam. Espero que neste segundo turno, o exemplo seja dado pelos nossos digníssimos candidatos ao governo estadual, pois definitivamente, se os virmos nas ruas em “santinhos”, na manhã do dia 26 de outubro, emporcalhando as nossas vistas, com certeza é preciso (re)pensarmos as nossas escolhas no ato de votar, porque de paradoxos políticos  a nossa sociedade está cheia. 
Texto publicado no jornal Diário da Manhã no dia 06 out. 2014. Disponível em: <http://www.dm.com.br/jornal/#!/view?e=20141007&p=21