terça-feira, 31 de julho de 2012



Elucubrações sobre a vida e as pessoas...

A vida é muito interessante. Nascemos, e ao nascer, choramos relutantes em abrir os olhos para o mundo externo, talvez pela proteção que fora abundante no conforto uterino. Com o passar do tempo, levamos tombos, e, com muitas dificuldades, levantamos. E a vida segue o seu percurso natural como um rio infatigável... Ao se pensar na vida, vem-me à memória, pessoas, transeuntes que caminham conosco na existência terrena. No entanto, se caminham conosco, não podem ser chamados somente de transeuntes. Para mim, transeuntes, soam como algo impessoal, desconhecido, anônimo, e a escrita desse texto não é para um “desconhecido”, “anônimo”, é para alguém que para mim, é muito ESPECIAL. Especial, pois, com tão pouco tempo de convivência próxima, isso se fez perceptível aos olhos mais atentos e os meus olhos, são muito atentos (quando quero)... Lembro-me de quando tive a oportunidade de encontrar esse Ser Especial, foi num dia ensolarado, após exaustivas atividades referentes ao dia 7 de setembro. Conversamos e vi que os seus olhos cintilavam uma grandeza de alma, que pouco reconhecia no mundo atual. Não à toa, que alguns dizem que os “olhos são a janela da alma”, começo a acreditar nisso, pois, vejo uma grandeza, uma sobriedade e uma imensa força que advém desse portal divino, os olhos. Através das narrativas de vida, pude perceber que não estava enganado, havia algo de diferente naquele olhar e isso era algo raro, algumas pessoas nem mais olham as outras, mas, esse Ser não, olhava-me com compreensão, respeito, cuidado e sensibilidade, e isso, é algo que valorizo no ser humano: o respeito, cuidado de si e dos outros e a sensibilidade. (Com)viver nesse “mundo em descontrole”, sem esses e outros atributos, torna-se insuportável ,porque um mundo autômato, frio, racional, não produz emoções e sentimentos nobres, fabricam-se “coisas e objetos”. Posso asseverar que não estava iludido, essa pérola tinha esses e outros atributos, mas era sutil, quase imperceptível . Hoje com pouco mais de sensibilidade, percebo que os amigos são seres que escolhemos na jornada da vida, são seres que Deus ou essa Força Criadora Universal nos permite encontrar aqui para que a jornada terrena seja menos difícil e dolorosa, e os caminhos (tortuosos às vezes) menos íngremes. Infelizmente, tenho muito pouco a oferecer para as pessoas que estão em minha vida. Sou péssimo na recordação de datas importantes como aniversários e tal. Não tenho hábitos de oferecer bolos e velas a ninguém, mas, de uma coisa sei, procuro ser grato a todas as pessoas que convivo, que de certa forma, somam comigo na vida. Falo o que sinto e o que não quero sentir (às vezes somos forçados a sentir aquilo que não queremos)... Na vida, posso afirmar que algumas vezes encontraremos serpentes metamorfoseadas em algo inofensivo, parece que é inevitável, tendo em vista os diferentes caminhos que precisamos trilhar para crescer. Algumas serpentes vivem camufladas nas areias do nosso cotidiano, esperando o momento certo de nos atacar. O importante é não se preocupar, somos diferentes da maioria, temos o antídoto contra o veneno que, para muitos pode ser fatal, para nós pode ser indiferente. Temos o AMOR como força- motriz na vida no início, nas intermitências e no fim. Sabemos que a vida, não dá nada mais daquilo que oferecemos aos outros e por isso, damos sempre o Amor e a Compreensão para seguirmos adiante sem o peso que dilacera as nossas almas. As que carregam o peso, estas sofrem, pois, a consciência cobra como um credor insatisfeito, que chama à quitação da dívida assumida... Sua família e amigos, tenho certeza, têm muito orgulho de você por tudo isso que representa na vida delas e, eu  também, tenho orgulho por tudo que me ofereceu durante a nossa empreitada “profissional”. Aprendi muito contigo e almejo aprender ainda mais, já que escolhemos ser amigos, temos o dever mútuo para concretizar essa empreitada inacabável: a busca do aprender constante. Obrigado Christiane pelo presente (a sua amizade) e pela escolha que fizemos juntos, a possibilidade de sermos amigos. Quero registar no tempo e no espaço a minha gratidão pelos abraços e pelo carinho direcionado a mim todos os dias em que estávamos juntos no trabalho, esses gestos só reforçaram aquilo que já sabia sobre você e que via nos seus olhos: és grande e preciosa. Que a luz, a paz e a sobriedade, sejam sempre a sua guia e que nesse (re)começo ( a Vida é um recomeçar constante), possa demonstrar de forma simples e sutil para outras pessoas  assim como você mostrou  que ,  o que  a vida tem de bom são as pérolas  ornadas no nosso cotidiano, em  nossa jornada, em  nossa estada (breve) . Nada é nosso aqui, a não ser os sentimentos que angariamos ao longo do percurso da VIDA! Luz e paz, sempre!
   by Aldo Fernandes

 texto publicado no facebook  no dia 31/07/12  em homenagem à amiga Christiane Ribeiro de Andrade. 

sexta-feira, 27 de julho de 2012



A NOVA ORDEM!

Acordei  e deparei com um "novo mundo". Via pessoas estranhas a mim, sem rostos, eram quase deformadas como nas telas expressionistas. Não sorriam, choravam, como se sentissem falta de algo que estava perdido. Via quantidade de pessoas, automáticas, cibernéticas, informatizadas e muito informadas.Percebia também que essas mesmas pessoas estavam em um casulo protetor,como um escafandro, ninguém queria mais "pessoas". As relações , um me dizia, não existem mais, agora  somos somente "coisas" transformadas para o consumo e para o espetáculo. Achei estranho  saber que não mais via as pessoas que convivi outrora, a impressão era que o tempo estava líquido, olhava no chão, via "coisas se desfazendo" . Olhava os relógios, e via-os como plásticos. Será que estava dentro de alguma tela de Dali? Era muito surreal. Queria entender  o motivo de tais divagações, onde estou? por que sinto-me estranho, como se estivesse fora de mim, por que vejo algumas  pessoas aniquiladas, amputadas? Vejo que não tem cabeça, não tem pernas, nem olhos, estão cegas! Olho no centro do peito , acho que do lado esquerdo de alguns transeuntes e vejo a chave de tudo, tenho a resposta para as minhas indagações: não existia nada dentro daquelas pessoas, o que diferenciava-me das demais, era que tinha algo que pulsava , pulsava dentro de mim, como algo a gritar, EU VIVO E SINTO O AMOR POR MIM E PELOS OUTROS EM MINHA VOLTA....Tranquilizei-me, pois, embora muitos eram , automatizados, eu, ainda era um ser frágil, composto de carne, osso e espírito, não havia "evoluído", ainda era como algo do passado, sentia, vivia, amava e chorava.Agora, na confusão de tudo, não sei mais onde estou,a visão está turva, os olhos,não veem bem(???).  Sei que vou para algum lugar , caminhando rumo ao desconhecido, e espero que encontre pessoas que sobreviveram a NOVA ORDEM, a ordem do virtual, do efêmero, da quantidade, do banal...   

                                                           by Aldo Fernandes!

quarta-feira, 18 de julho de 2012




Bom dia, AMIGO!

A amizade, quando verdadeira, é uma das mais belas manifestações de amor. É nesse momento, quando conhecemos alguém e confiamos, que se outorga o título de “Amigo”. Amigo é aquele que ampara o outro nos momentos de dor, tristeza, solidão, ou até nos momentos de multidão, porque não? É aquele que também nos chama a repreenda, quando se faz necessária uma reflexão sobre os nossos atos. Assim como os nossos pais, que nos chamam à atenção quando fazemos algo não condizente com a ética, ou valores esperados, (somos crianças nas “Estâncias da Vida”, estamos aprendendo sempre), os amigos também detêm desse poder e nos alerta.
Essas pérolas, os nossos verdadeiros amigos, são como anjos em nossa vida física (e porque não espiritual, também?), são a bússola, que nos aponta o caminho da retidão, da dignidade, para que não nos percamos nas florestas traiçoeiras da ilusão. São esses seres iluminados em nosso cotidiano que nos faz perceber a singeleza de um sorriso, a simplicidade de uma lembrança, a inocência e a doçura das coisas simples da Vida. Somos seres em estado bruto ao aportarmos aqui nesse Orbe Terrestre, assim como um diamante bruto, somos lapidados através da convivência, das agruras, das intempéries diárias, em um incessante burilamento, auxiliados por pelos verdadeiros amigos, estes, nos defende, aconselha e nos faz perceber que a Vida é um emaranhado complexo, de chegadas, idas, vindas e despedidas, mas, ao mesmo tempo, faz-nos perceber que a vida em sua essência, é composta por e pela simplicidade, simplicidade esta presente nos gestos, nas ações, no entendimento do outro e de nós mesmos.
A Vida deve ser pensada e aproveitada da melhor maneira possível, sem prejudicar os outros em nossa volta e a nós mesmos; pode ser uma tarefa difícil nesse “mundo em descontrole” (GIDDENS, 2000), mas é possível ser afetuoso, simpático, mesmo quando a vida torna-se banalizada e escorregadia em função de tantos “amores e pessoas líquidas”, coisificadas pelo consumo exacerbado do capitalismo. O verdadeiro amigo é aquele que ouve primeiro, mesmo quando quer falar, é paciente e espera a sua vez, afinal, ser desprendido, é sinal de grandeza. É amigo, aquele que te estende à mão e te conduz nos caminhos cheios de pedras e obstáculos transmitindo-lhe confiança. Através do seu olhar confortador tem-se a certeza de que ele diz: “confia em mim, estou ao seu lado e não o deixarei sozinho, sigamos em frente”.
   Assim, anseio que eu, tu e os outros possamos ter a certeza tranquilizadora por dentro, que diante das agruras da vida (inevitáveis), estaremos amparados pelo amor incondicional e sereno (dos nossos amigos verdadeiros), sempre prontos para cuidar, ouvir e proteger ao(s) mais necessitado(s) de sua presença. Eu, tu e os outros, agradecemos por tudo que tem acrescentado na jornada íngreme da Vida. Como bem afirma Fernandes (2012), “Os amigos são pérolas que Deus nos presenteia na Terra. São diamantes brutos que a convivência os torna brilhantes, melhores e mais felizes”.
    Sou feliz por ter amigos verdadeiros em minha existência. E você? Já disse ao seu amigo, o quanto ele é importante em sua vida? Não? Então aproveite o dia da Amizade e o dia Mundial do amigo e materialize esse gesto, seja por e-mail, pessoalmente, por telefonema, por redes sociais, enfim, seja grato por tudo que este amigo te oferece e você sentirá leve, como o toque de uma brisa suave em sua face, por tudo que aprende, troca e constrói ao seu lado.
Bom dia, Amigo! Esteja sempre por perto, amparando e cuidando de mim, para que, mesmo caído, tenha forças para levantar. Saiba que mesmo fatigado no percurso da Vida, confio em você. A minha gratidão será eterna a ti... Feliz dia da Amizade, feliz dia Mundial do Amigo a tod@s! 

sábado, 14 de julho de 2012




O AMOR???

Quero amar sem medo de ser rechaçado por não ser “normal”. Não sigo mesmo a norma, pois, que esta é imposta . O amor pressupõe troca, não idealizações, pressupõe respeito mútuo. Infelizmente, no mundo da superficialidade e do consumismo,consumir "corpos" é a palavra de ordem, ter coleções coisificadas de pessoas é o que está na moda e aí alguns valores são considerados démodé... Ainda que em algumas relações afetivas a prática do superficial seja enaltecida, sigo adiante rumo às minhas convicções...
                                                           by Aldo Fernandes!

quarta-feira, 11 de julho de 2012




O MAIS BELO SORRISO!
Era agosto de 2008, começava o primeiro dia de trabalho em uma empresa na cidade de Anápolis. Estava muito inseguro, respiração ofegante, mãos trêmulas, suadas, precisava haurir forças para começar a labuta.Inexperiente, chegava cerca de uma hora e meia mais cedo para preparação das aulas. Era professor, estava cursando Letras, segundo ano desse curso. Lembro-me da brisa daquela tarde, gostava de sentar debaixo de uma árvore, ouvir os pássaros cantar, ver as pessoas transitar... E eu, pensar. Foi nessa rotina que dias após, tive a visão que os meus olhos não atinavam direito, fora um dos momentos mais belo que até hoje vivi...
...Deparei-me com um belo rapaz, louro, altura mediana, magro, composto por um uniforme azul, que contrastava com a sua pele, os seus olhos. Seus olhos evocavam doçura, simplicidade, bucolismo, ele sorriu e me disse “boa tarde!”. Naquele instante senti-me como se tivesse ido ao paraíso, embora o jovem usasse aparelho de correção ortodôntica à época, seu sorriso não era menos belo por isso, era simplesmente o mais esplêndido sorriso que já vira. Queria saber o nome daquele belo homem, que fitava os meus olhos como se soubesse quem eu era, a impressão que tinha era que dissecava os meus recônditos mais abissais da alma, era um misto de perturbação, temor, empatia e um sentimento indefinido por mim. Descobri o seu nome, era um belo nome, fazia jus à sua beleza e simplicidade.
O tempo foi passando, nos aproximamos e um dia sonhara que éramos conhecidos de outras vidas, a sensação vivenciada por tal sonho era de que havia um reencontro, mas um reencontro conturbado, pois, percebia que havia algo que impedia-nos de dizer o que vinha em nossa alma... Em minha memória, ainda ecoa o riso natural daquele rapaz, a inteligência sagaz e o olhar, que é uma das coisas marcantes que me fascinara. Lembro-me também que este rapaz gostava muito de torta de maracujá, servi a ele em minha casa, num encontro dominical. Recordo-me também que este homem gosta do bucolismo, pensa muito e que tem muitos sonhos... Quer vencer!
...O que sentira naquele momento era algo incompreendido pelas pessoas que só viam a matéria, a carne. Era um sentimento que ultrapassava o egoísmo, a superficialidade, o material, o frugal, o efêmero. Eram sensações, emoções que não sabia explicar, queria senti-las e desejava que não acabasse mais. Percebia desde muito cedo, que o mundo não compreende o amor entre  iguais. Para mim não importava, sabia que éramos mais que carne e osso, éramos seres espirituais e como tais, dotados de respeito, de amor, de cumplicidade e muita sinceridade... A nossa relação de amizade era muito forte!
...Um dia, tivemos um dos mais belos domingos de nossas vidas, fomos dedicar parte de nosso tempo aos mais necessitados de amor, carinho e cuidado, fomos à casa de assistência aos portadores de hanseníase, eram pessoas excluídas social e afetivamente do lugar que vivem. Via no sorriso daquele jovem felicidade nunca vivenciada por ele, vivenciamos uma catarse provocada pela ajuda mútua dedicada aos mais necessitados. Cantávamos, sorríamos e parabenizávamos os aniversariantes daquele mês, era agosto de 2010, aniversário também do rapaz dono do mais belo sorriso que já conheci, este nascera em dois de agosto, no ano de mil novecentos e oitenta e cinco, leonino, forte e sedutor...  
...Ao pensar nos irmãos de jornada que vivem à margem, vejo que a exclusão também estava muito próxima de mim. Também fora excluído, a diferença era que a exclusão foi por amar um  igual. A distinção entre mim e os portadores da doença da exclusão, era que estes poderiam exteriorizar as suas mágoas, as suas derrotas, as suas decepções e tristezas, e, eu não, não poderia dizer para a sociedade que amava um homem, pelo menos este não, as famílias não aceitariam dois homens felizes de forma não convencionada, alguém tinha de pagar o preço, eu paguei, fiquei em silêncio, num mutismo que só era dor...
O louro rapaz também preferiu o mutismo, a distância física, a negação, e eu respeito isso. Para mim o que importa é saber que somos seres espirituais e que as emoções, os sentimentos, as ações, perpassam o tempo e o espaço. Os deuses permitiram que conversássemos por horas ao telefone, consentiu que vislumbrássemos a Lua Cheia às onze horas da noite e que nos dispuséssemos para ambos a confiança, a amizade e o respeito, acima de tudo. O sentimento está aqui, em profundos abismos que só a minha alma sabe onde está e você, mas o importante é que saiba o quanto és amado e o quanto o respeito. Lembre-se ao ler esse desabafo: “boa noite... ‘bom dia’, ‘boa tarde’, jamais esquecerei de você”...  
                                                                           by Aldo Fernandes!