sábado, 15 de março de 2014

Entre Corpos e Corporalidades






O que é o corpo? Algo de partida social em que se impõe regras e disciplinas. O corpo como atributo de controle é marcado por diferentes atravessamentos que o circunscreve em ritos e ditos aceitos ou negados pela sociedade. Em séculos anteriores, o corpo não era lembrado e referenciado como na atualidade, pois acreditava-se que, ao lavá-lo, tornava-se impuro,assim, ao deixar sujo, deixava-o 'puro', para que conservasse a vida. Em tempos seguintes, o corpo é algo policiado, marcado pelo olhar do pecado, da desonestidade. O masturbador sabe muito bem disso, já que a sua prática prazerosa, a masturbação, será vigiada pelo olhar panoptiano, daquele que tudo vê. A família, como forma de cercear o prazer, será a instituição que vigia os lençóis e os quartos noturnos, para saber até onde esses corpos estão eretos e gozando o semêm da procriação. O monstro humano, figura foucaultiana, é também um corpo biológico-jurídico transgressor, porque subverte os discursos legais do que é biologia,anormalidade e legalidade. Já nessa contemporaneidade, os discursos constroem corpos e lugares para que ambos sejam ocupados. Têm-se os corpos-objetos, corpos-desejos, corpos-negados, corpos-coisificados, corpos-docilizados (escola, prisão, igreja), corpos-transgressivos, corpos-discursivos. Nesse sentido, hoje, policiamos os corpos em diversos saberes aceitáveis ou não em diferentes discursos.Quando dizemos, por exemplo, sobre o corpo-magro, o corpo-gordo, o corpo-másculo, controlamos as pessoas que habitam esses corpos. Aliás, escravizamo-nas para que estejam nos moldes discursivos de quem possui o poder para dizer o que é ou não aceito na sociedade. Dessa maneira, temos a deusa ciência (nutrição, Educação Física, Medicina), a mídia (corpos-objetos hiperssexualizados) etc, para fabricar verdades que nos aprisionam corpos. Assim, incito a provocação sobre os corpos, para pensarmos sobre os nossos corpos como atributos discursivos, que se digladiam entre o que é legitimado e o que é endossado pelo sujeito (nós também). O corpo ideal é algo passageiro, assim como o foi na Grécia antiga o corpo-adônis. Portanto, para mim, o corpo, além de estar localizado em uma agenda histórica e espacial, é algo que se desloca de acordo com a sociedade e o tempo em que se vive. Deste modo, provoco a todos e todas possuidores de corpos subjugados e escravizados, para pensarem que corpos querem possuir? O vigiado ou o emancipado? Este último, sabe quando e como sentir prazer, sabe como e quando ser o que quiser ser, sabe quando e como dar prazer, a vida, ao outro, a si mesmo...#Corposentrecorpos

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