sexta-feira, 28 de março de 2014


ALMA CARCOMIDA

Minh’alma é triste.
Sou o passado que violentamente atormenta.
Sou a história esquecida e cunhada no ser.
Sou o verme e a carne carcomida pela sensata podridão.
Não respiro.
Aspiro ao que não presta e torna-se fétido.
Todo o resto que sobra, devoro.
Toda o excesso rumino e regurgito.
Sou o presente existencial.
Depois de corroído pelo tempo, sou o esqueleto.
A carne está devorada.
A alma está dilacerada.
O nada sobrou.
O futuro não há.
A carne poderá vir a ser.
A alma virá a existir.
Minh’alma é triste porque há felicidade exacerbada no mundo.
A tristeza que possuo nada mais que uma vontade de existir.
A alegria contamina o meu ser como uma doença letal.
Possuo o antiviral da felicidade gratuita.

Nenhum comentário: