domingo, 7 de setembro de 2014

Surreais impressões do nada
Acordei, percebi que estava no meio do nada.
Tudo era cinza, devastado, explorado.
Ouvia seres, vozes e fantasmas.
Monstros comiam a si próprios.
Pessoas diluíam-se a si próprias.
Não via corpos.
Visualizava montes de carnes putrefatas.
Não via gente.
Enxergava vermes em decomposição.
Olhava adiante, tudo era soturno.
O nada, o tudo e ao mesmo tempo o caos.
O buraco, a vastidão e a sensação.
Aves de rapina desciam à Terra.
Eram os comensais, ladrões de vidas.
As carnes devoradas eram.
Eram devoradas as carnes.
Os ossos gritavam-me.
Pediam-me o auxílio inaudível.
Socorro! Socorro! Socorro!
Queriam se libertar da prisão existencial.
No anseio da libertação, um confidenciou-me,
_nunca gostei de ser encosto de gente,
_nunca quis ser suporte de carne,
_ nunca aceitei uma vida pungente,
_ sempre fui e quis ser um silente.
Impingidos somos todos os dias.
A ser vermes, ossos e carnes.
Monturos, restos e sobras de tudo.
Descartam a todos nos lixões sociais.
Jogam-nos fora dos olhos sensoriais.
Dormi, percebi que estava no meio do tudo.
Tudo era escória, construído, oprimido.

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