segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Espectrus
Acordei, estou n’outro mundo.
Orbe de solidão, tristeza e imundície.
Olho pro lado, não vejo ninguém.
Visualizo coisas.
Sem nome, sem vida, sem histórias.
Sem rostos, sem corpos, sem olhos.
Estou sozinho, pensei.
Chega outra persona.
Gargalhando excentricamente.
Dos seus olhos saem vômitos.
Da sua boca escoam lágrimas.
Do seu nariz inebria o fétido cheiro do amor.
Da sua pele o odor da morte e da paixão.
Copulo com essa estranha sensação.
Mito de desejo e negação.
Respiro o seu hálito pútrido.
É do ar que vivo sem rumo.


Um comentário:

Leo disse...

Não somos também compostos por espectros?
Não há luz sem sombra... um não pode
existir sem o outro. Incorporar nossos opostos é como Sísifo, eternamente
rolando a pedra ao cume do monte. Parece-nos interminável, mas humanos somos, logo, múltiplos e plurais... por isso, com enfrentamentos diários. Enfrentamento é viver.