ODE AO CU
Prazer, o meu nome é cu.
Não sei quando passei a
existir.
No começo, o verbo imperou: faça-se
a luz e o buraco se abriu.
Portas de distintos mundos...
Das floras, dos restos, dos septos.
Sou aquele que todo mundo inclui,
mas teme.
Sou o fétido, o indesejado, o
maculado.
Sou o cu democrático, orifício
de todo ser também.
Cu do corpo, cu do mundo, cu
dos trópicos.
Cus.
Cu anapolino, cu goiano, cu brasileiro.
Cu americano, cu japonês, cu
europeu.
Cu humano, cu bichano...
Cu fulano, cu sicrano, cu
beltrano.
Sou o cu gracinha, cu feinho e
cu lindinho.
Sou o cu que dá, o cu que
vende, o que empresta.
Tem cu, tem cu , tem cu.
Tem cu, tem cu , tem cu.
Sou ou estou cu?
Orifício policiado, buraco
cuspido, olho preterido.
Clô Fernandes
Um comentário:
gostei!
lembrei-me do livro "História do olho", de Georges Bataille!
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