segunda-feira, 3 de novembro de 2014

ODE AO CU
Prazer, o meu nome é cu.
Não sei quando passei a existir.
No começo, o verbo imperou: faça-se a luz e o buraco se abriu.
Portas de distintos mundos...
Das floras, dos restos, dos septos.
Sou aquele que todo mundo inclui, mas teme.
Sou o fétido, o indesejado, o maculado.
Sou o cu democrático, orifício de todo ser também.
Cu do corpo, cu do mundo, cu dos trópicos.
Cus.
Cu anapolino, cu goiano, cu brasileiro.
Cu americano, cu japonês, cu europeu.
Cu humano, cu bichano...
Cu fulano, cu sicrano, cu beltrano.
Sou o cu gracinha, cu feinho e cu lindinho.
Sou o cu que dá, o cu que vende, o que empresta.
Tem cu, tem cu , tem cu.
Tem cu, tem cu , tem cu.
Sou ou estou cu?
Orifício policiado, buraco cuspido, olho preterido.
Clô Fernandes

Um comentário:

Ewerton disse...

gostei!
lembrei-me do livro "História do olho", de Georges Bataille!