domingo, 21 de abril de 2013




" Vejo pessoas ou figuras fragmentadas?"-Zaratustra 


Acordei e vi um mundo diferente. Não divisava pessoas, via fragmentos assim como Zaratustra. Era um mundo de coisas e valores diluídos pela superficialidade. As pessoas que via nesse mundo estavam como as telas de Picasso, todas em recortes e simultaneidades. Os corpos estavam todos em recortes, cheios de espaços territorializados. Os sexos. Os gêneros. Os consumos. As Grifes. Os conflitos. Tudo era (de)marcado e deslocado. Era um novo mundo e cabia a eu viver nesse mundo da melhor forma possível... As dores, as tristezas, as angústias, as alegrias, as fantasias, os sonhos, os amores, os medos, as frustrações, as sensações, as inibições, as repressões solapavam-me rumo ao que eu mais negava: ser Uno. Gosto do contraditório, da dubiedade das coisas, da possibilidade de várias perguntas. Gosto da possibilidade de ser Um em Vários. Gosto das incoerências que me circundam o mundo. Gosto da instabilidade que se instaura nessa instantaneidade da Vida. Acho as respostas limitadas para o meu Ser. O meu Ser possui seres que se inter-relacionam e se negam e que nesse processo de negação vai (se) des-construindo... Prefiro o questionamento de tudo. Enquanto questiono, aprendo. Aprendo que as vidas não são fórmulas, sentenças, permanências, coerências... Aprendo que sou constituído e (des)construído na relação com o  outro. O outro me torna mais humano. Faz-me sentir menos desumano... Não tenho respostas. Tenho dúvidas. Ter respostas para tudo pressupõe erudição. Erudição, não possuo. A certeza possibilita a inércia mental porque se crê detentor do saber... Quero o que não posso. Posso naquilo que não quero. Quero e posso aquilo que quero e não quero... Quero e posso. Quero pessoas. Posso acreditar nas pessoas. Quero experienciar pessoas. Posso viver com pessoas. Posso refletir com as pessoas... Ainda que fragmentadas e diluídas, busco PESSOAS. Vejo. Ingiro. Sinto. Vivo. PESSOAS. Nessa jornada solitária que é a Vida sigo como um estrangeiro de um mundo que outrora participei e habitei. Transito pelo velho e o novo mundo como um viandante que sou e Estou... Sou e estou: amalgamado com o Tu, o Ele e o Vós.

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