domingo, 17 de abril de 2011

CANSEI DE PENSAR E REFLETIR, QUERO UMA IMAGEM CONSTRUÍDA PELO OUTR@ !


Hoje está um domingo quente, abafado e ensolarado. Depois de tantas chuvas, que tal um dia ideal para a praia, clube, ou qualquer programa de índio? (com perdão da palavra, sem incitar preconceitos, apenas me aproprio de discursos populares). Programa de índio? sim, talvez, depende da ótica que se observa. Pra mim é, para o outro não... Esses lazeres podem nos metamorfosear em “camarões”, tostados, gostosos e sarados... é o que vejo. Pode ser que o betacaroteno seja produzido e fixado neste intervalo de “lazer”. Por falar em sarados, que tal “corpos sarados”? Já que a sociedade atual é a coletividade da norma, do regulatório e das construções dos corpos. Sim, somos construídos, controlados e normatizados para o “corpo perfeito”. Quem não faz dieta? controla o que come? o que o outro come e não come? e... deixa isso pra lá, não quero que o Capitalismo tardio me cale a boca e que nem as academias (não aquelas com significado passado na era dos Filósofos que produziam o conhecimento), me prendam. Hoje as academias de ginástica e musculação promovem um discurso de saúde e bem estar, tá certo que não constroem o conhecimento como antigamente, mas constroem corpos, isso mesmo, “é o que tem pra hoje”... Afinal, basta vermos os programas televisivos ditos “bacanas”, para perceber que a televisão e a indústria cultural promovem uma hiperssexualização aos mais desavisados. O lema hoje é: “tenha um corpo perfeito nem que seja à custa de lixo tóxico, dietas, anabolizantes e pílulas do milagre seguinte”. Use todo o seu potencial de sedução para o ritual de acasalamento, mesmo que isso custe um corpo “perfeito”, sem conteúdo, sem reflexão, enfim, pra quê isso não é mesmo? ”Quero mais é ser feliz”, “o futuro a Deus pertence”, dizem alguns. Portanto, mesmo que a vida não seja minha e que o corpo também não, quero fabricar um corpo, ter o direito de viver uma vida fabricada...Visceral isso. Precisamos tomar cuidado com o processo de reificação que os ditos “humanos” estão promovendo com os amores, amigos, cachorros, gatos e periquitos e com os corpos também, por que não? Aquele que não tiver um desses (des) afetos, que atirem a primeira pedra. Tenha um corpo seu, um corpo idealizado ou um corpo desejado, mesmo que reificado, coisificado. A lógica funciona assim. Aqui, tomo a citação de Fernando Braga da Costa, um Uspiano (da USP), que afirma que: “A reificação configura-se como o processo pela qual, nas sociedades industriais, o valor (do que quer que seja: pessoas, relações inter-humanas, objetos, instituições) vem apresentar-se à consciência dos homens como valor, sobretudo econômico, valor de troca: tudo passa a contar, primariamente, como mercadoria. (...) O trabalho reificado não aparece por suas qualidades, trabalho concreto, mas como trabalho abstrato, trabalho para ser vendido. A sociedade que vive à custa desse mecanismo produz e reproduz, perpetua e apresenta relações sociais como relações entre coisas. O homem fica apagado, é mantido à sombra. Todo o tempo, fica prejudicada a consciência de que a relação entre mercadorias (e a relação entre cargos) é, antes de tudo, uma relação que prevalece sobre a relação entre pessoas”. Esse livro que retirei a citação é o " Homens Invisíveis". Nesse sentido, não precisa mais ter valores, conteúdos, porque o que se privilegia não é a qualidade e sim a quantidade: de bocas beijadas, de corpos usados e descartados, coisificados, mutilados e supostamente amados. Que vida louca essa, como pode dar aquilo que não tem? “O homem fica apagado, é mantido à sombra”, não à sombra do guarda- sol no clube freqüentado no domingo, ou na praia, ou no “corgo” de uma cidade turística qualquer...a coisa é feia. Até que ponto os discursos insurgidos, enaltecendo uma prática de exercícios saudáveis, estão com isso, promovendo corpos também “saudáveis”? estão realmente sendo úteis na constituição do sujeito? A vigorexia ninguém fala, joga-se pra debaixo do tapete, como a maioria do que temos no “banquete” do cotidiano. O importante é ser feliz!!! Feliz com aquilo que não tenho: um corpo saudável, porque a mente não está saudável. Pensar na atualidade, é ser saudosista pra alguns, é ser tradicional, retrógrado, posto que a humanidade esteja evoluindo e (re) incorporando o ideal de beleza grega. Os gregos valorizavam os corpos, é verdade, mas será que se esqueciam do espírito, da mente? não tenho respostas,até porque essa não é a minha intencionalidade, quero propor as perguntas, prefiro problematizar. Edifiquemos as Misses e os Misteres, modelos do que é construído, (im) posto, regulado. Quem não se adequar ao ideal de corpo e beleza, sinto muito, como punição, o deus Hades (do mundo inferior e dos mortos) sentencia que vá ler um livro, afinal, para quem constrói um corpo sem vida, é o preço que se paga: purgatório para sempre depois de ter uma vida não vivida e não pensada. Anseio encontrar o equilíbrio dessa dita “pós-modernidade”, pois, são tantos espetáculos, teatralizações, supostas interatividades (discurso das mass media) fabricações de corpos, relações, modelos, usos e descartes. Que evolução...


Vivamos a imagem distorcida do “eu”, do “tu” e do “nós”!!!

by Aldo Fernandes

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